Aliencake
Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.
14 de abr. de 2008
Regressando devagar...
Boa semana!
32 comentários:
Gosto muito desta música, é terna tal como o casal que estava a dançar:)
Beijos
Uma pérola.
Boa semana e um abraço.
e eu que não percebo quase o frances e tu a teimares nesta lingua morta.
beijo
Eheh, obrigada!
E tens toda a razão sobre o "escrever quando me apetece" :D
Um beijinho Alien
Todas as línguas são vivas, ó TD. A francesa é a da ternura, dos rrs enrolados... Parris, embrracer, mourrir pourr toi...
A.: sem sabermos da globalização, como éramos todos tão parecidos, não achas? Seria a bitola do sentimento?
Grata, as tuas palavras são doces. Abçs
E haverá melhor forma de regressar, do que com romantismo francês e o Yves Montand?
Só quando não sabemos o que fazer à língua é que a podemos considerar morta!
eheh! Aquele abraço infernal!
Wind,
Nem mais, nem menos :)
Beijinhos.
Pinto Ribeiro,
Também acho.
Um abraço.
Teresa,
A Bettips já te respondeu... e o Belzebu também!
Quanto a mim, continuarei a insistir na língua em que escreveram Rimbaud, Verlaine, Élouard, Aragon, Prévert, Baudelaire e tantos outros génios da poesia - para só falar de poesia... :)
E depois, tens sempre a música e as imagens.
Mas deixa lá, um dia destes ponho aqui uma coisinha em Alemão, só para ti :P
Beijos.
Beatriz,
Obrigado eu.
Um grande beijinho para ti!
Bettips,
C'est bien vrai! :)
Quanto às parecenças, todos não diria, mas muitos, sim, e é interessante a forma e o facto de o verificarmos nesta esfera globalizante... :)
Também me inclino para a tua bitola.
Um abraço.
Belzebu,
Se há, não me ocorreu :)
Plenamente de acordo quanto ao resto hehehe!
Um abraço alienígena.
E regressas muito bem meu querido amigo.
Hoje estou particularmente feliz :))
Saudações leoninas
bisou ;)
Alien,
Les feuilles mortes, excelente a música e o poema.
E o Yves Montand tão novo...
Beijinhos
Mariatuché,
Parabéns pelo teu Sporting! Grande recuperação!
Um beijinho.
Ah, ma chère Thérèse,
Des gros bisous pour toi aussi.
C'est bien vrai que tu sais encore quoi faire avec le Français, et ça est une preuve vivante de que la langue n'est pas morte :)))
Moi, j'ai beaucoup aimé tes bisous!
Beijinhos!
Lola,
Tudo isso :)
E beijinhos para ti.
Break a stone! :P
A nostalgia terna, como já foi dito, dos anos 50 num dia de tempestade...
...a Aria de Bach ao fundo, profunda, envolvente...à.parte de qualquer tradução :)
que não seja a tua sensibilidade.
Beijo de bom dia!
PS-Andamos trocados, tu chegas no tempo e eu nele me vou (por uns dias não vou estar "muito" por cá)
Alien,
que delícia, estas Feuilles Mortes pelo Yves Montand. É uma versão que soa ao charme do tempo antigo. Também tenho aqui http://www.imeem.com/gracab/playlist/qC06KToE/edith_piaf_music_playlist/ uma versão cantada pela Piaf.
Gosto muito das escolhas musicais com que nos vai presenteando por aqui. Obrigada e um óptimo fim-de-semana.
E a referência aos autores da música e do poema lembrou-me outra belíssima canção que se refere a ambos e é cantada (para além da autoria da letra e música) pelo Serge Gainsbourg, La Chanson de Prévert.
Beijo de bom fim de semana!
Bom domingo, abraço Alien.
Vanda,
É isso mesmo, a nostalgia terna...
A Aria está agora "avariada", coisas da netcabo.
Também ainda não voltei em pleno. Vou voltando...
Boa semana e um beijo.
Graça B:,
Obrigado! Logo que possa vou ouvir a Piaf na sua selecção musical. Da canção do Gainsbourg lembro-me apenas vagamente, mas a dupla Cosma-Prévert tem muitas coisas notáveis, embora difíceis de encontrar.
Uma boa nsemana para si.
Pinto Ribeiro,
Boa semana para ambos,
e abraços!
Olha que maneira tão suave de entrar pela noite dentro. Tão novinho que ele era :) Porque será que quando me lembro dos "antigos" é sempre como eles eram e não como eles se torenaram. É curioso, guardarmos sempre a imagem que mais nos marcou ...
Um beijinho
Não conhecia este clássico, aqui está uma bela dica para rapidamente por-me a par deste filme
abraços
Gi,
Foi exactamente o que pensei... tão novinho que ele era - que eu era :)
Talvez por isso.... ?
A primeira parte do teu comentário é também válida para a tarde e para a manhã. Mas a noite... (estou cheio de reticências, hoje...).
Um beijo.
Mocho Falante,
O filme, bom, depende do gosto de cada um, e do que viveu. A canção. a mim, parece-me eterna.
Um abraço.
Já não está avariada :)a Aria :)
Sei-te bem pelos comentários :)
(as reticências são como os vestidos pretos ficam bem em qualquer noite...)
:)
Beijinhos e continuação de boa semana,
Vanda,
Pois não :)
Agora que estou a pensar em pôr outra música :)
Bela classificação das reticências - essa não me passaria pela cabeça!!!
Beijinhos e bom resto de semana para ti também.
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