Aliencake
Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.
20 comentários:
Alien,
Obrigada por trazeres o Zeca e outro amigo também.
Bom feriado.
Beijos grandes
Sem passadismos nem saudosismos, bom 1º de Maio.
Este ano mais do que nunca, urgente!
Um abraço.
Amigo
Maior que o pensamento
por essa estrada Amigo, vem
e eu vim.
Viemos muitos.
Ainda em separdo.
Em três lugares.
Até nós trabalhadores nos dividimos a nós próprios :)e aceitamos divisões :)
Obrigada, Alien, por este POST SEMPRE ACTUAL.
É bom ouvi-lo.
Beijo de um 1º de Maio ainda dividido :)
Bom fim de semana, Alien :)
Beijo
atrasada mas um bom dia do trabalhador (e das Maias)
Um abraço!
Volto hoje. Tudo de bom.
Lola,
Obrigado e muitos beijinhos para ti.
E mais um dedicado ao dia da Mãe.
Pinto Ribeiro,
Obrigado!
Desse passado não tenho saudades nenhumas.
Boa semana e abraços.
Vanda,
Bom fim de semana para ti.
Um dia, o 1º de Maio será melhor.
Beijinhos.
Teresa,
Atrasadíssimo, que tenhas tido um bom 1º de Maio e das Maias:))
Um beijo.
Bernardo Kolbl,
Bom regresso.
Boa semana.
Um abraço.
Alien,
queres uma receita de sopa, doce ou outra qualquer iguaria? :)
Vá, ri-te :) lembrei-me do tempo dos temperos :) em que aqui havia sempre uma nova receita.
Receitas para a mudança, há?? :)
...receitas, conselhos, dicas, guias, manuais, road books...qualquer coisinha :)
Esta música é linda!:)
Beijos
Vanda,
Não esqueci as receitas :)))
Ando com pouco tempo, e tenho 2 posts necessários ainda por fazer...
Mas um dia destes haverá mais receitas.- E, sim, aceito sugestões :)
Um beijo.
Wind,
Também acho :)
Até poder visitar o teu blog, que o tem+po está curto, um beijinho.
Dois posts necessários?
Venham eles.
Se o são (necessários) decerto vêm bem condimentados, como nos habituaste :)
-e não estou a falar de gastronomia :)
Vanda,
Necessários, mas elementares hehehe!
Sem grandes condimentos, acho eu...
Um já está, vou tratar do outro.
Beijinho.
Como vês, pelo meu comentario acima, gostei dos condimentos :)
Alien,
quanto aos meus "escritos"...perguntas-me onde os tinha...algures dentro de mim, uns dias em pensamento, outros dias a sair do coração...
Nunca sei quando estão prontos para serem escritos. Nunca sei até ao momento em que me sento e sinto que tenho "algo" um fruto, pronto a ser colhido.
Não tenho nada mais que possa ser apreciado ou postado aqui. Lembra-te que durante um ano ou mais, me recusei a escrever. Me recusei a ser "poeta" (acreditei que era a única forma de racionalmente resolver o que havia para resolver).
Claro que escrevi durante esse período, em cadernos e folhas A4 de que vou perdendo o destino, mas é uma escrita pouco legivel, muito pessoal, temperamental, muito diferente de poesia, é quase como uma queda d'água aos olhos alheios, tal é a cubicagem de emoções nelas encerradas :)
De qualquer forma, o proximo post no blog "nas asas de um lápis" foi criado ainda dessa mesma forma, algo indisciplinada algo inconcreta, foi, digamos, a ponte entre as folhas A4 e os posts seguintes (a autópsia foi escrita um dia depois) e só depois da autópsia, temporalmente falando, me permiti a ser "poeta" :)
Gostei muito do último post da Lola, porque realmente, só quando nos libertamos podemos criar. Enquanto presos, a ideias, a convenções, a sentimentos que embora belos, nos podem destruir se os seguirmos cegamente (ai o norte magnético!!!!), nada criamos. Tudo o que nos prende, amesquinha, arrasa, humilha, destroi, efectivamente aniquila o que de melhor o ser humano é dotado:
a sua capacidade de criar o "belo", seja em Arte, seja na "arte" dos pequenos gestos, nos afectos e nas relações, na sociedade e na familia.
E em relação a caminhadas ;)
o que eu andei para aqui chegar! :)
Obrigada, Alien.
Vanda,
Deixei escapar este teu comentário. Até hoje. Realmente, ando muito fora disto. Desculpa-me.
Mas percebo inteiramente o que escreveste, pudera! - não acontece só contigo :)
Muito obrigado pela tua "explicação".
Curiosamente, tenho andado a ouvir essa música do J. M. Branco... :))
Um grande beijo.
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