Do segundo post deste blog, tendo o primeiro sido apenas o anúncio da inauguração. Porquê? Para já, porque me deu para isso. E depois, porque este post teve, ao todo, um comentário, e provavelmente também apenas uma visita. Blog recém-nascido... ou seja, este post "não valeu". Confesso que não ligo muito a dias internacionais disto e daquilo. De resto, já existem tantos que me perco nesse labirinto, e creio que os ditos também acabam por perder o sentido. Mas ao 8 de Março estou atento, não só pela questão da igualdade de direitos (sim, todos os dias são dias de luta... mas é sempre bom que uma data em especial lembre as grandes causas que vamos porventura esquecendo no dia-a-dia), mas sobretudo porque esse dia se transforma num pretexto para me abstraír dos afazeres do quotidiano e me concentrar em pessoas importantes na minha vida, num pretexto até para escrever uns versos para essas pessoas e oferecer-lhos, coisa que, evidentemente, não posso fazer todos os dias. Pessoas muito importantes na minha vida, para quem escrevi a "Petição", são a Lola e a minha filha Renata, ao tempo com 16 anos. E este post é de novo para elas, fora de qualquer data comemorativa e a propósito de nada em especial e de tudo em particular. Elas saberão.
NOTA SOBRE O SEGUNDO POST : O título destes versos tem para mim um significado algo irónico, por razões que não vêm ao caso. Portanto, o título foi escrito também em meu benefício. O resto não.
SEGUNDO POST (publicado em 9-03-2006): -----------------------------------------------------------------------
PETIÇÃO INICIALDá-me um cavalo uma alma uma nave
Algo que voe ou galope ou navegue
E seja azul ou de outra cor mas leve
No seu vagar qualquer coisa que lave
Dá-me uma curva um espelho uma pausa
Algo que brilhe e demore e seduza
E se transforme ao ar em luz difusa
Ou nada ou coisa que não tenha causa
Dá-me um comboio um apito um berlinde
Algo que parta ou que role ou decida
E ao passar perto da hora perdida
Nos traga a rima precisa de brinde
Dá-me um baloiço um esquadro uma vez
Algo que meça que oscile que seja
Uma surpresa o gesto que se beija
A última loucura que se fez
Dá-me um segredo uma cor uma uva
Algo que importe ou se cheire ou escorregue
(Mas não tropece nem ceda nem negue)
Por entre dedos ou gotas de chuva
Dá-me uma febre um papel uma esquina
Algo que rasgue ou se dobre ou estremeça
E que se esconda e mais tarde apareça
Sombra de vulto subindo a colina
Dá-me um arco que seja íris
Dá-me um sonho que seja doce
Dá-me um porto que tenha barcos
Dá-me um barco que nunca fosse
Dá-me um remo
Dá-me um prado
Dá-me um reino
Dá-me um verso
Dá-me um cesto
Dá-me um cento
Dá-me só
Um universo