Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

8 de jul. de 2006

Atendendo e considerando...

Logo às 20h, Portugal-Alemanha para discussão do terceiro lugar no Mundial. Amanhã, a final entre a Itália e a França. Por isso, e antes de tirar umas pequenas férias da culinária, decidi publicar uma entrada italiana e um prato alemão. Neste caso, escolhi um prato muito conhecido e simples, o eisbein, que aprecio bastante. O antipasto italiano consiste numa salada de courgettes com queijo ricotta, de comer e chorar por mais. A propósito de cozinha italiana, estou a preparar uma refeição completa que talvez ainda publique antes das tais férias. Vamos ao assunto:


Salada de courgettes e ricotta
Ingredientes (p/ 4 pessoas)
* 4 courgettes
* 200 gr de queijo ricotta
* 10 folhas de coentro
* 5 colheres de sopa de azeite
Preparação
Lavar as courgettes e raspá-las, depois de lhes ter cortado as pontas.
Colocar as courgettes raspadas numa frigideira com 4 colheres de sopa de azeite, durante 15 minutos, em fogo lento, com 5 folhas de coentro picadas. Juntar sal e pimenta.
Deitar o conteúdo da frigideira numa saladeira e deixar arrefecer, cobrir com película de cozinha e deixar 1 hora no frigorífico.
Misturar numa tigela o queijo ricotta com a colher de azeite sobrante e o resto dos coentros picados.
Na altura de servir, repartir a salada de courgettes por copos ou tacinhas e, utilizando duas colheres, fazer rolinhos de ricotta, que serão colocados por cima. Decorar com uma folha de coentro. O ricotta pode ser temperado com um pouco de sal e pimenta.


Eisbein
Ingredientes:
1 joelho de porco
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de colorau
1 folha de louro
1/4 de colher de chá de pimenta-do-reino

2 colheres de sopa de salsinha picada
1 colher de sopa de cebolinha verde picada
1 cebola média cortada em 4
2 dentes de alho cortado em 2 pedaç
os

Coloque todos os ingredientes numa panela e cubra com água. Tape a panela e leve a lume forte até ferver. Baixe o lume e cozinhe até que a carne esteja macia. A carne deve ser mantida no caldo até à hora de servir, e nessa altura reaquecida. Sirva com choucroute e batatas pequenas cozidas com casca.


Bom apetite!


7 de jul. de 2006

Que


















Que silêncio me dás que eu já não tenha
Quebrado por palavras inquietas
Que resistem na meia-luz da ideia
Que se afirma cada vez mais lentamente
Que o devagar onde a vista se perde?


Que haja o dia de ser o eixo por
Que se movem em nós as mãos da água
Que definem as marcas arbitrárias
Questionadas na penumbra dos quartos
Que regressam, simplesmente regressam.


Que forma tem a transparência com
Que me envolves nos hemisférios em
Que não pergunto à voz da noite de
Que cores se tece a dimensão de um mar
Que por sombras e luzes anuncia
Que forma tem?

5 de jul. de 2006

Mesmo tendo perdido...

...Vamos comemorar, porque o merecemos. Mais um penalty duvidoso, mais uma segunda parte (da França) à grega, enfim, a treta do costume. Gostei da selecção. Faltaram mais remates, e quem os fizesse. No resto, nada a dizer. A sorte esteve com a França. E a Nossa Senhora das Grandes Penalidades.

4 de jul. de 2006

A receita da semana

Antecipada, por causa da meia-final do Mundial. Quer Portugal ganhe ou perca, acho que devemos celebrar. Assiste-nos esse direito, depois de a selecção ter chegado às meias-finais. Por todas as razões, e mais a de libertar a tensão acumulada ao fim de vários jogos feitos de nervos, sofrimento e alegria.

A Tuché enviou uma receita de sandes de salmão, que agradeço e reproduzo com todo o gosto. Devem ser deliciosas. Para quem não goste de salmão, sugere a Lola que o substitua por rodelas de tomate e/ou atum. A própria Tuché também aposta no atum (desfiado) como opção, recomendando que, nesse caso, se tirem os espargos. A Maloud sugere azeite em vez de maionese. E eu agradeço todas as amáveis sugestões. Vamos então às

Sandes de Salmão


-Pão de centeio ou Pão integral
(comprar o pão já fatiado de preferência, 3 fatias p/ cada sandes)
-Maionese (a gosto)
-Requeijão( 1 )
-Cebolinho( 2 pés )
-Salmão fumado ( 100 g )
-Espargos verdes ( 3 )

Barre as fatias de pão com maionese e reserve. Lave, escorra e pique o cebolinho. Retirar o requeijão da embalagem, colocar num prato e esmagar com um garfo e em seguida misturar bem o cebolinho picado.
Em cada fatia de pão barrar com requeijão e sobrepor outra fatia de pão com os espargos verdes e 1 ou 2 fatias de salmão por cima, junte mais 1 fatia de pão e será a última. Não esquecer que todas as partes interiores do pão devem ser barradas com maionese, para quem gosta, claro!!

E, sempre na senda do salmão, deixo uma receita francesa do Papilles et Pupilles:

Salmão gratinado


Para 4/6 pessoas
Preparação: 20 minutos
Cozedura: 20 minutos



Ingredientes
:


* 400 g de lombo de salmão sem peles nem espinhas
* 8 talos brancos de alho-porro (alho francês)
* 10 cl de leite
* 20 cl de nata líquida
* 4 ovos
* 1 colher de sopa de Maizena
* 3 colheres de sopa de azeite
* 20 g de manteiga
* noz-moscada, sal, pimenta

Aquecer o forno a 210°C.
Eliminar a parte verde dos alhos-porros. Lavar e cortar em rodelas grossas.
Aquecer o azeite numa frigideira com tampa, juntar as rodelas de alho-porro e cozinhar em lume vivo, mexendo sempre, durante 5 minutos. Acrescentar leite, sal, pimenta e noz-moscada. Deixar cozinhar durante 10 minutos, cobrindo a frigideira com a tampa. (Pode-se acrescentar também um pouco de vinho branco).
Untar com manteiga um tabuleiro de ir ao forno e colocar as rodelas de alho-porro e o salmão cortado em cubos com cerca de 3 cm.
Bater os ovos, incorporar a Maizena, a nata, o sal, a noz-moscada e a pimenta. Colocar sobre o salmão e o alho-porro, levar o tabuleiro ao forno previamente aquecido e deixar gratinar durante 15 minutos. Servir quente.


Venha a Itália...

Eu a querer que fosse a Alemanha, porque creio que a Itália é uma equipa mais difícil e complicada para Portugal, e sai mesmo a Itália. Isto, claro está, se amanhã ganharmos à França. Os italianos mereceram, pelo que fizeram na primeira parte. Tiveram aquela sorte que é fundamental, e na melhor altura. Se formos à final, resta-me desejar que a sorte se lhes tenha esgotado, e passe para o nosso lado.