Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

6 de mai. de 2008

Für Teresa

Prometi à Teresa Durães "uma coisinha em Alemão", por causa da minha mania das canções francesas, e etc. e tal, e hoje vou cumprir. Escolhi uma canção dos Rammstein, Seemann, da qual gosto muito, por diversas razões. Por exemplo, o suporte da voz pelo baixo melódico nas estrofes; a doçura, solidão, abandono, desejo, busca... que elas transmitem; o contraste entre a melodia suave das estrofes e a barragem de fogo musical do refrão, também ele, no entanto, construído sobre versos onde se prolongam, desenvolvem e acentuam os sentimentos presentes nas estrofes, até àquele final de solidão, desespero e frio, frio, frio....


Rammstein - Seemann - teledisco




Escolhi duas interpretações diferentes. A do videoclip pelo melhor som, a do concerto de Berlim pela interacção com o público. Vale a pena ver e ouvir ambas.

Ao vivo em Berlim, 1998



Seemann

Komm in mein Boot
ein Sturm kommt auf
und es wird Nacht

Wo willst du hin
so ganz allein
treibst du davon

Wer hält deine Hand
wenn es dich
nach unten zieht

Wo willst du hin
so uferlos
die kalte See

Komm in mein Boot
der Herbstwind hält
die Segel straff

Jetzt stehst du da an der Laterne
mit Tränen im Gesicht
das Tageslicht fällt auf die Seite
der Herbstwind fegt die Straße leer

Jetzt stehst du da an der Laterne
hast Tränen im Gesicht
das Abendlicht verjagt die Schatten
die Zeit steht still und es wird Herbst

Komm in mein Boot
die Sehnsucht wird
der Steuermann

Komm in mein Boot
der beste Seemann
war doch ich

Jetzt stehst du da an der Laterne
hast Tränen im Gesicht
das Feuer nimmst du von der Kerze
die Zeit steht still und es wird Herbst

Sie sprachen nur von deiner Mutter
so gnadenlos ist nur die Nacht
am Ende bleib ich doch alleine
die Zeit steht still
und mir ist kalt
kalt kalt kalt kalt


Deparei na net com algumas traduções para Inglês. Porém, este parece-me um dos tais casos em que a tradução estraga quase tudo. Mal por mal, meti-me a traduzir directamente do Alemão para o Português, sem grandes preocupações de literalidade, mas com alguma atenção à métrica - ou, melhor dito, à "música da letra"... Aceito, evidentemente, e agradeço, sugestões e correcções!

Marinheiro (Homem do Mar)

Vem
para o meu barco
Levanta-se uma tempestade
e anoitece

Aonde queres ir
que assim tão só
andas à deriva

Quem te agarra a mão
quando és puxado(a)
para o fundo

Aonde queres ir
tão infinito
o frio mar

Vem para o meu barco
O vento outonal mantém
a vela firme

E eis-te agora junto à lanterna
com lágrimas na face
A luz do dia desaparece
O vento outonal varre e limpa a rua

E aqui estás junto à lanterna
tens lágrimas na face
A luz crepuscular persegue as sombras
o tempo pára e chega o Outono

Vem para o meu barco
a busca será
o homem do leme

Vem para o meu barco
o melhor marinheiro
era afinal eu

E eis-te agora junto à lanterna
com lágrimas na face
Recolhes o fogo do castiçal
o tempo pára e chega o Outono

Falaram só da tua mãe
Apenas a noite é tão cruel
No final permaneço só
O tempo pára
e tenho frio
frio frio frio frio


Espero que gostem. Especialmente a Teresa, claro! :)))

5 de mai. de 2008

Prémios...

A LOLA recebeu estes dois prémios e, surpreendentemente :))) passou-mos :)))

Muito obrigado, Lola! Espero merecê-los.

Fica o link para os "blogueiros que sabem comentar", conforme regra do prémio.





http://blogueirosquesabemcomentar.blogspot.com/






Especial para mim é a amizade de TODOS os que visito e me visitam, cujos blogs estão indicados ali à direita. Como habitualmente, é para TODOS ELES que passo os prémios.