Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

31 de jan. de 2009

O destino prega-nos cada partida!

É verdade. Quem leu os últimos comentários ao post anterior apercebeu-se certamente de que este blog foi rotulado de fraquinho, apontando-se como prova desse epíteto o facto de não exibir no lado direito um único prémio, acompanhado do competente estandarte.

Pois bem: coincidência ou justiça divina (provavelmente esta última, atendendo ao patrocinador...), eis que, do nada, me surge um prémio nunca visto na blogosfera. Um prémio, imagine-se, intergaláctico! A bem dizer, o prémio dos prémios, ou simplesmente O Prémio!

As regras estabelecidas são severas: nem passagens de galardão, nem agradecimentos. Porém, nada nelas estabelece que sou obrigado a aceitá-lo. Assim sendo, aqui declaro expressamente que, embora agradecendo a intenção e a honraria (que não o prémio!), não posso aceitar a distinção. De facto, a minha natural modéstia e o meu sentido de autocrítica obrigam-me a suspeitar de que devem existir, algures por aí, nalguma galáxia distante, um ou dois blogs melhores do que este.

Esclareço que apenas exponho o estandarte ali no lado direito por óbvio receio da ameaça de invasão bicadeira do temível exército de caturras. E quem não conhecer o Rufus que o compre, que eu já o topei muito bem!

E mais não digo. Tolhe-me as palavras a emoção. É para momentos destes que vivemos, são estes instantes de suprema felicidade que nos resgatam da humilhante prisão do dia-a-dia cinzento e inconsequente. Que quem tudo isto me proporcionou veja a distinção multiplicada e, se tiver blog, a ele atribuída... ah, mas não pode ser, é um prémio exclusivo. Paciência...!

CONTINUAÇÃO