Eis o resultado das respostas ao desafio, sendo que o texto pode considerar-se concluído, mas pode igualmente considerar-se aberto a novas continuações. Quem colaborou teve esse mérito.
A mancha azul
Iam sendo horas. Altamiro colocou a carteira e as chaves nos bolsos do costume e saíu. Desceu os dois lanços de escadas que o separavam da rua e percorreu distraído os cento e vinte metros até ao café. Como sempre, sentou-se ao balcão e pediu uma bica cheia. Enquanto a beberricava, arriscou uma olhadela furtiva ao espelho atrás do balcão. A mancha lá continuava. Azul. Voltou a fixar-se na camisa. Branca. Só branca. Pediu um copo de água e, quando o empregado o trouxe, perguntou-lhe se lhe notava algo estranho na camisa. Que não, respondeu o Lázaro.
(A continuação da Lola)
Olhou para a montra, à sua esquerda, mas não viu os modelos que se alinhavam nas poses estranhas, habituais. Ficou petrificado a olhar para a mancha azul a sorrir-lhe descarada. Experimentou deslocar-se, mas a mancha, teimosa, movia-se com ele. Perturbado, acelerou o passo, a afastar-se o mais possível da imagem provocadora.
Entrou no Banco 3 minutos depois das 08.00h e enfrentou o olhar surpreendido dos colegas: Era sempre o primeiro a chegar. Dirigiu-se, cabisbaixo, à secretária e ligou o computador: Já temia encontar a mancha azul à sua espera e ela não o desiludiu.
Procurou a caneta Mont Blanc modelo Greta Garbo de que tanto gostava, e finalmente descobriu: a imagem sorridente, azulada, era o reflexo da pérola na ponta do clip que segura a caneta, que, inadvertidamente, guardara no lugar do lenço...
(A continuação da Nnannarella)
Àquela hora, projectava-se sobre a gigantesca vidraça o halo luminoso de um sol a crescer. Percurso breve, pois que os prédios em frente cedo cerceariam o reflexo da estrela.
Apercebeu-se do burburinho em volta, cochichos, olhares de soslaio, clientes que se dirigiam à saída olhando constrangidos para trás, para ele, estático, dorso aprumado, olhos fixos na glacial solidão de um ecrã onde dali a pouco se reflectiriam as gigantescas memórias de um computador.
(A continuação da Vanda)
... Digitou a password e enquanto distraído, olhava para o programa informático onde lançava os cheques sem provisão, repentinamente percebeu que enquanto acreditou estar a ser alvo de uma mancha azul, a vida lhe tinha parecido bem mais surpreendente e vibrante!
Agora que o mistério tinha sido desmitificado...o dia parecia-lhe mais pobre...
Até o sol já cerceado pelos prédios, o tinha abandonado...
Suspirou, introduziu mais um código e pensou: dê lá por onde der, preciso de um novo azul na minha vida...
Na véspera, já tarde, tinha estado num chat e alguém usava o nick "azul infinito"... sorriu.
Muito obrigado por terem aceite o desafio que, repito, continua em vigor...