Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

27 de jan. de 2007

Lili Marlene

Recordemos, neste sábado meio cinzento, Lili Marleen.


Recordemos outra Marlene, a Dietrich, a intérprete.



A canção tornou-se obrigatória durante a Primeira Guerra Mundial, a partir de 1916. Os soldados alemães cantavam-na nas trincheiras, e muito rapidamente os soldados ingleses, americanos e franceses os imitaram.



Conheceu inúmeras versões desde a original, evidentemente em ritmo de marcha...

Foi título de um filme de Fassbinder.

Deixo aqui a letra original e uma tradução para Inglês.

1. Vor der Kaserne
Vor dem großen Tor
Stand eine Laterne
Und steht sie noch davor
So woll'n wir uns da wieder seh'n
Bei der Laterne wollen wir steh'n
|: Wie einst Lili Marleen. :|

2. Unsere beide Schatten
Sah'n wie einer aus
Daß wir so lieb uns hatten
Das sah man gleich daraus
Und alle Leute soll'n es seh'n
Wenn wir bei der Laterne steh'n
|: Wie einst Lili Marleen. :|

3. Schon rief der Posten,
Sie blasen Zapfenstreich
Das kann drei Tage kosten
Kam'rad, ich komm sogleich
Da sagten wir auf Wiedersehen
Wie gerne wollt ich mit dir geh'n
|: Mit dir Lili Marleen. :|

4. Deine Schritte kennt sie,
Deinen zieren Gang
Alle Abend brennt sie,
Doch mich vergaß sie lang
Und sollte mir ein Leids gescheh'n
Wer wird bei der Laterne stehen
|: Mit dir Lili Marleen? :|

5. Aus dem stillen Raume,
Aus der Erde Grund
Hebt mich wie im Traume
Dein verliebter Mund
Wenn sich die späten Nebel drehn
Werd' ich bei der Laterne steh'n
|: Wie einst Lili Marleen. :|


1. At the barracks compound,
By the entry way
There a lantern I found
And if it stands today
Then we'll see each other again
Near that old lantern we'll remain
As once Lili Marleen.

2. Both our shadows meeting,
Melding into one
Our love was not fleeting
And plain to everyone,
Then all the people shall behold
When we stand by that lantern old
As once Lili Marleen.

3. Then the guard to me says:
"There's tap call, let's go.
This could cost you three days."
"Be there in half a mo'."
So that was when we said farewell,
Tho' with you I would rather dwell,
With you, Lili Marleen.

4. Well she knows your foot steps,
Your own determined gait.
Ev'ry evening waiting,
Me? A mem'ry of late.
Should something e'er happen to me,
Who will under the lantern be,
With you Lili Marleen?

5. From my quiet existence,
And from this earthly pale,
Like a dream you free me,
With your lips so hale.
When the night mists swirl and churn,
Then to that lantern I'll return,
As once Lili Marleen.



Bom fim de semana!