Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

10 de jan. de 2010

Conversa fiada

Não é que já estamos em 2010?

Assim de repente... quase sem darmos por isso, como acontece todos os anos.

Já era tempo e mais que tempo de ter feito outro post. Pois era.

Confesso que fico com alguma pena por o Gerúndio passar a passado, passe a redundância, mas é a vida...

Mas tenho andado muito ocupado, como se compreende. Ele é champanhe para aqui, rabanadas para ali, peru e bacalhau para acolá, e mais borrego e a infinita quantidade de salgados e doçarias com que este valente povo festeja o Natal, cristão ou não, e o Ano Novo, bom ou mau que venha. Enfim, só tenho coisas que me ralem...

O que não tenho é assunto. Que se há-de fazer? Um bocadito de conversa, pois claro. Para variar das receitas e dos versinhos e das historietas que têm abrilhantado, salvo seja, este blog. Apesar do título, nem sequer é realmente fiada, porque ninguém me fica a dever nada - antes pelo contrário.

Também é verdade que há muito tempo não fazia um post assim mais ou menos coloquial, daqueles em que se começa a escrever o que nos vem à cabeça de momento e se acaba a não escrever nada do que se queria e tudo o que não se desejava, ou vice-versa.



"Nothing sadder than an abandoned blog. Yep."
(Daqui, com a devida vénia).

É de bom tom reflectir sobre o ano que finda, em particular sobre o impacto desse ano neste blog, mas não estou para aí virado, e pronto.

Ficam sempre bem, nestas ocasiões, os agradecimentos. É por isso mesmo que aqui não deixo nenhum. Ficam guardados para data próxima, uma efeméride (Eh lá!)  que talvez tenha ocasião e lembrança de comemorar - e aí não poderá faltar alguma comezaina, já que de versos ninguém se alimenta, excepto metaforicamente, e com metáforas, é óbvio, morre-se à fome.

Mas não me digam que é difícil escrever um post. Não me venham com essa, por favor. Sobretudo, eu que não me atreva a pensar assim - e se me atrevo!

Permitam-me um só voto: Que em 2010 este blog e os de quem me lê e eu leio continuem a povoar-nos os dias. Afinal, que seria de nós sem eles? (Não respondam, por favor :)