Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

13 de mai. de 2006

A Paz de Pablo Neruda. À minha paz. À vossa paz. E a todos os soldados da paz.

Paz para los crepúsculos que vienen,
paz para el puente, paz para el vino,

paz para las letras que me buscan
y que en mi sangre suben enredando

el viejo canto con tierra y amores,
paz para la ciudad en la mañana
cuando despierta el pan, paz para el río
Mississippi, río de las raíces:
paz para la camisa de mi hermano,
paz en el libro como un sello de aire,
paz para el gran koljós de Kíev,
paz para las cenizas de estos muertos
y de estos otros muertos, paz para el hierro
negro de Brooklyn, paz para el cartero
de casa en casa como el dia,
paz para el coreógrafo que grita
con un embudo a las enredaderas,
paz para mi mano derecha,
que sólo quiere escribir Rosario:
paz para el boliviano secreto
como una piedra de estaño, paz
para que tú te cases, paz para todos
los aserraderos de Bío Bío,
paz para el corazón desgarrado
de España guerrillera:
paz para el pequeño Museo de Wyoming
en donde lo más dulce
es una almohada con un corazón bordado,
paz para el panadero y sus amores
y paz para la harina: paz
para todo el trigo que debe nacer,
para todo el amor que buscará follaje,
paz para todos los que viven: paz
para todas las tierras y las aguas.

Yo aquí me despido, vuelvo
a mi casa, en mis sueños,
vuelvo a la Patagonia en donde
el viento golpea los establos
y salpica hielo el Océano.
Soy nada más que un poeta: os amo a todos,
ando errante por el mundo que amo:
en mi patria encarcelan mineros
y los soldados mandan a los jueces.
Pero yo amo hasta las raíces
de mi pequeño país frío.
Si tuviera que morir mil veces
allí quiero morir:
si tuviera que nacer mil veces
allí quiero nacer,
cerca de la araucaria salvaje,
del vendaval del viento sur,
de las campanas recién compradas.
Que nadie piense en mí.
Pensemos en toda la tierra,
golpeando con amor en la mesa.
No quiero que vuelva la sangre
a empapar el pan, los frijoles,
la música: quiero que venga
conmigo el minero, la niña,
el abogado, el marinero,
el fabricante de muñecas,
que entremos al cine y salgamos
a beber el vino más rojo.

Yo no vengo a resolver nada.

Yo vine aquí para cantar
y para que cantes conmigo.

11 de mai. de 2006

Não quero transformar isto num blog de culinária, mas...

Dados os protestos, pedidos e sugestões, aqui vai uma receita mais carnívora. Tentei jogar num prato que agrade a todos (menos aos vegetarianos, já se sabe...)

BIFE COM NATAS E COGUMELOS

4 bife(s) de vaca
200 g cogumelos laminados
4 fatias fiambre
1 ramo manjericão
80 g manteiga
1 dl óleo
vinho branco dl
2 dl natas
sal q.b.
Pimenta q.b.
piripiri em pó q.b.



O bife da foto não corresponde exactamente ao da receita!


Bata os bifes com o martelo de carne, de modo a que fiquem bem espalmados.
Tempere com sal e pimenta e sobreponha, a cada um deles, uma fatia de fiambre e uma folhinha de manjericão. Dobre e prenda com palitos.
Leve uma frigideira ao lume, com a manteiga e o óleo, e core os bifes. Retire e reserve.
À mesma gordura, misture os cogumelos. Salteie e tempere com sal e pimenta.
Escorra um pouco de gordura e regue com o vinho, deixando que este evapore um pouco.
Envolva então as natas e deixe engrossar.
Aqueça os bifes neste molho e sirva de imediato.


Nota: Pode optar por fritar os bifes apenas em manteiga ou margarina.

9 de mai. de 2006

O prometido é devido: uma receita vegetariana... da qual gosto muito.


ARROZ DE GRELOS


1 molho de grelos de nabo
350 g de arroz carolino
1 cebola grande
4 colheres de sopa de azeite
2 dentes de alho
sal e pimenta



Preparação:

Prepare os grelos aproveitando sobretudo as pontinhas e as folinhas mais tenras e corte em bocados. Meça o arroz. Pique a cebola finamente e coza-a com o azeite até estar translúcida, sem deixar ganhar cor. Junte os dentes de alho e os grelos e salteie-os até estarem macios. Adicione o arroz e envolva-o bem na gordura. Regue com água, que deve ser o dobro do volume do arroz. Tempere com sal e pimenta, deixe levantar fervura, tape, reduza o calor e deixe cozer, devendo o arroz ficar solto e inteiro.


Bom apetite!

8 de mai. de 2006

Isto está mau para os históricos... mas a Académica é a maior!



Acabou a Primeira Liga, com a despromoção (já previsível) do histórico Vitória de Guimarães e (algo inesperada) do histórico Belenenses à Divisão de Honra. O meu histórico, a Académica, safou-se por um triz. Realmente, os históricos que se cuidem...

Porto, o campeão anunciado, Sporting na Liga dos Campeões e Benfica nas pré-eliminatórias da dita.

Braga e Nacional na UEFA, e mais o Vitória de Setúbal, por ser finalista da Taça de Portugal.

Para o ano, teremos na Primeira Liga o Beira-Mar e o Desportivo das Aves (já se sabia).

E pronto. Aguardemos o Mundial...

Comunicação da máxima importância

OLHÓ POST!