Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

20 de dez. de 2011

"O DESPERTAR DOS VERBOS - SESSÃO DE LANÇAMENTO"



Aqui fica um vídeo da sessão de lançamento do meu livro de poesia "O Despertar dos Verbos". Espero que vos dê uma ideia do que se passou e da forma como correu. Depois colocarei algumas fotos.

Para quem quiser adquirir o livro: De momento aguardo o envio, por parte da editora (Edium Editores) de mais livros para venda directa (com dedicatória).  Em breve será também colocado à venda nos postos de venda da editora (online, incluindo o próprio site da Edium, e livrarias).


13 comentários:

Maria disse...

Eu quero!!!
E vou pedir-to um dia destes...

:)
Beijo
(daqui a pouco vou votar no café europa :) )

Alien8 disse...

OK Maria, logo que cheguem mais, guardo-te um! :)))

Obrigado pelos votos!

Beijo.

Justine disse...

Boa música, rostos de amigos com ar feliz - a festa foi bonita, e eu com pena de não ter participado!
ABRACINHOS DE PARABÉNS:))))

Alien8 disse...

Obrigado Justine :)))

Abraços para ti!

wind disse...

Adorei ver esta apresentação, principalmente da música:)
Beijos

Alien8 disse...

Obrigado, Wind :)

Alien David Sousa disse...

Gostei muito do video,aguardo as fotos. Mais uma vez parabéns pelo livro mano! Alguém que represente a nossa raça com dignidade lol porque eu não o sou capaz de fazer ;)
Beijinhos e um excelente 2012

Lizzie disse...

Já que andei armada em caloteira por falta de cartões (tenho que pagar um bacalhau espinhado e anoréctico à Vanda), já falei com uma pessoa ligada a livros, ainda não tinha vindo aqui, para me trazer um.

Vai daí, disse-lhe que um dos poemas até botava a Janis Joplin, havia ressonãncia, também, da "corda da viola baixo", por que se falasse da Joan Baez ou de pífaros, ai Alien, bem podia eu esperar sentada, de molho ou no activo.

Valeu a pena a corrida entre o aeroporto e tal sítio. Pois valeu.
Tenho pena de não ter visto tudo, mas gostei do que vi e ouvi.

Por deformação, claro, estive também a analisar a forma performativa como os teus poemas foram bem ditos e um deles (poema)estava mesmo a pedir assim uns movimentozinhos cá da nossa especialidade.

A modos que eles diziam os poemas e a gente fazia o resto e que a Pina Bausch e a Mathilde Monier me perdoem o atrevimento, coño.

Estás mesmíssimamente mesmo de parabéns, porque quando se junta o talento à boa formação de carácter, este é o resultado justo.

Abraço para ti e para a Lola.

(Ainda bem que estive quieta senão ainda aparecia uma maluquinha de fita no cabelo, lá atrás, a performar, vídeo fora).

Lizzie disse...

...e depois dei boleia à Vanda e não conheço aquele sítio e fui dar à entrada não sei de quê e apareceu-me um segurança encorpado de dois metros de altura e peguntou-me o que queria eu dali e eu respondi que queria ir para casa e ele semi cerrou os olhos e avisou-me que não era ali e para o caso de ele pensar que eu não estava bem da cabeça lá lhe disse que sabia que não era e se tu visses a condescendência dele a explicar-me o percurso para a via principal que após ter encontrado me deixou o pensamento livre para pensar na importãncia do "goraz" na vida de uma pessoa.

Acabei.

Alien8 disse...

ManaDS,

Claro que és capaz!
As fotos eestão um nadita atrasadas, mas virão :)

Bom Ano Novo e beijinhos alienígenas!

Alien8 disse...

Lizzie,

Se valeu a pena o bocadinho, pois muito contente fico. E imagino as performances :))) Quem sabe se um dia... :)

Nem tal dia poderia acabar sem uma aventura na estrada! LOOOOOOL!

Mas o importante é, como dizes, compreender a importância do goraz. E tu compreendes. (Sem menosprezo para as gambas, é claro...)

Obrigado pelas palavras e por teres lá aparecido.

Beijos nossos.

Arábica disse...

Os homens não são todos iguais. Tão pouco as mulheres.
Há homens que no seu vocabulário empregam verbos diferentes de outros.
E mulheres também. O que os move até à escolha de determinados verbos?
E perante a garantida diversidade de verbos, o que os levará a escolher uns - enaltece-los - e a esquecer outros?
Sensibilidade...? Conhecimento de causa...? A consciência da essência da vida...?
Sobre o Mário Domingos e os seus insubstituíveis verbos há no minimo uma afirmação a fazer:
ele acreditava que havia sempre a possibilidade de escolha, nos verbos e na vida.
Uma responsabilidade enorme no devir da Humanidade.
Por isso, entre os seus verbos, encontram-se apenas verbos construtivos - fortes - inabaláveis - emocionalmente inconfundíveis,
como o verbo CHORAR, o verbo UNIR, o verbo MOVER, o verbo AJUDAR, o verbo LEMBRAR.

Os homens não são todos iguais. Tão pouco as mulheres. Tão pouco os verbos.

Encontrar na vida, na vida corriqueira e apressada deste nosso tempo,
um homem e uma mulher com as mãos cheias destes verbos construtivos não é vulgar.
São verbos - já sabemos - que não se colam a todas as mãos,
que não se equilibram de mão beijada,
que não crescem em qualquer mão, por grande que seja a veia literária.
Muito mais raro quando as mãos andam de mãos dadas ao longo de três décadas.
Estou a falar naturalmente da Lola e do Mário e do seu Amor construído com verbos únicos e de manifestação própria e inequívoca.

Na noite do lançamento do Despertar dos Verbos em Lisboa, noite já madura, saciadas fome e sede e serenados já os espiritos,
eu e a Lizzie seguíamos atrás da Lola e do Mário por uma rua da cidade, quando de repente deixámos de os ver
Numa fracção de segundos, o recorte dos seus corpos de mão dada na noite de visiveis e próximos passaram a invisíveis...
Foi desta forma casual e de certo modo estranho, que acabámos por nunca nos despedirmos deles.

Nestes últimos dias, necessitada que estava de uma metáfora profunda e de um sentido oculto que me amparasse na dor e revolta de o termos perdido tão cedo
e que vencesse a filosofia do absurdo desta morte, foi a essa imagem de Lisboa que me agarrei.
É verdade que os meus olhos não mais o verão vertical e tão humanamente grande seguindo por uma rua da capital,
mas o meu coração sabe que o Mário continua seguindo a sua verdade, unindo verbos inconfundíveis,
emocionalmente fortes e de diametro incontornável,
por todas as ruas, de todas as cidades, de mão dada com a Lola.

PS- não te esqueças que temos um jantar combinado. Até já.

Alien David Sousa disse...

Miss you mano