Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

20 de jan. de 2009

Réplica

Ora adeus, meus amigos, a poesia não é isso!
A poesia, a poesia...
A poesia é fazer versos com pena de não saber fazer versos
A poesia é fazer o

p
i
n
o

no local mais inesperado e
logo a seguir fazer o

o
n
i
p

onde toda a gente espera que o pino seja feito.

A poesia é fumar vinte cigarros seguidinhos
E desesperar-se por fumar tanto, mas desesperar-se
a sério. A poesia, meus amigos, é ser do contra:


Contrato contragosto contraído
contraste contrafeito contraluz
contrabaixo contra-senso contraponto
contracurva contravenção contramestre
contratempo contrabando contrário
contradança contradição contra-natura
contra-ataque contraposto contra-regra
contraplacado contrapeso contracto


com travo leve bravo amargo travo
de estar aqui ironicamente estar aqui
com um sorriso vermelho e o corpo vigilante
a beber a cerveja das madrugadas futuras
a lamber o ventre de hoje em cada gota que escorre
pelos nossos lábios brancos de espuma e desespero



(Escrito noutro tempo e noutro espaço em que ainda fumava...)



84 comentários:

Arábica disse...

Alien,

Pedro Oom em 1949 escreveu entre outras palavras o seguinte:
"O poeta tem a clarividência da transformação e daí a sua atitude, sempre de recusa a qualquer espécie de imposição, e ainda quando nos parece que um dos seus gestos adquire uma cor mais conformista ou um tom menos violento, ela não é mais do que uma forma diferente de recusa"

Mesmo quando faz o pino.

Ou exactamente quando o não faz.


De ti, nesta noite que já vestiram de branco,
vou guardar na memória:


"com travo leve bravo amargo travo
de estar aqui ironicamente estar aqui
com um sorriso vermelho e o corpo vigilante
a beber a cerveja das madrugadas futuras
a lamber o ventre de hoje em cada gota que escorre
pelos nossos lábios brancos de espuma e desespero"





Obrigada, Alien.

Beijos, dois.

Teresa Durães disse...

Primeiro, o jogo das palavras. Excelente! A poesia é tirana. Durante anos declarei que não a escrevia, imagine-se. Enquanto fumava os tais cigarros (que ainda fumo em forma de desespero), a encaixar-me na suave cerveja que nos vai escondendo, a poesia é mesmo tirana.

Gostei bastante!

Lizzie disse...

Amanhã, com certa tosse tabagistica e com ou sem espirito de contradição,cá virei, ou viremos...de pato branco debaixo do braço:))

wind disse...

Excelente jogo de palavras e sensual.
Parabéns:)
Beijos

bettips disse...

Também cozinhas as palavras. Em lume brando ou agitado, mas com um sabor muito especial.
Bravo Alien!!!
Bjinho

Anônimo disse...

Abençoados cigarros.


Prima, mesmo.


Bom dia, abraço,

Spartakus,

www.bandeiranegra1.wordpress.com.

Lizzie disse...

Aliencito:

Para já dou-te os parabéns por teres deixado de fumar. Herói, que tanto eu como a que faz o pino por mim,só deixamos de fumar quando o cigarro se virar para nós e nos disser: não me fumas, não me fumas, não me fumas!

Porque, mi buen niño,não me parece que precises do fumo para escrever, para ter uma elasticidade acrilica no fluir dos pensamentos e qualquer branco de folha é para ti um lago onde, como patos ao fim da tarde, com ou sem poesia, as ideias deslizam. Sejam elas de desespero ou de encontro ternurento onde te pacificas.

Também, mi cocinero de auróras boreales, és criatura para temperar o teu próprio espaço com os coentros que melhor saboreias, parecendo-me também, compreensivo q.b. para quem prefira a salsa e quiçá, um salteado com oregãos.

Grande abraço, mi hombre de las palabras ritmadas e também para mi Lolita.

Pués claro!!

Alien8 disse...

Arabica,

Tenho que concordar com o Pedro Oom... logicamente :)

Obrigado por guardares qualquer coisa na memória.

Um beijo.

Alien8 disse...

Teresa,

Se é! E está-se nas tintas para quem declara não a escrever. Quer queiras, quer não, escreves e pronto!

O jogo das palavras é uma enorme tentação. Fico feliz por teres gostado.

Beijos.

Alien8 disse...

Wind,

Muito obrigado :)

Um beijinho.

Alien8 disse...

Spartakus,

Ganz prima, mesmo? :)

Obrigado, um abraço.

Alien8 disse...

Bettips,

Bravo para ti, que achaste sabor aos meus versos!

Esta culinária também é muito interessante. Em vários lumes, realmente.

Um abraço.

Alien8 disse...

Lizzie,

Para deixar de fumar, limitei-me a aproveitar uma oportunidade :) Foi mais fácil do que pensava, ou melhor, menos difícil.

Não preciso mesmo do fumo para escrever, mas já pensei que precisava. Mas de patos em lagos, que é como tu dizes ideias, isso preciso :)

"Cocinero de auróras boreales"?
Já me chamaram, muita coisa, mas esta é boa demais! :)))

Obrigado, salteadora de palavras e histórias de vidas!

Um abraço da Lolita, "pués claro", e meu.

Alien David Sousa disse...

Brilhante. Adorei maninho e não tenho palavras que façam justiça ao que li, assim, fico-me por um : Brilhante.

Beijinhos alienígenas

Alien8 disse...

Mana DS,

"Brilhante" está muito bem :D

Obrigado e um abraço alienígena.

bettips disse...

Sei que respondo ao que me perguntas e que eu sinto:
"Pensa mal das pessoas, não te enganarás" - Cesare Pavese 1908-1950. Por certo, apanhou as duas guerras, bem razão tinha para o cepticismo!
Bjs

Teresa Durães disse...

e na poesia, desafia-se o papel e a mente enquanto os dedos devoram o espaço em branco. por vezes estafo-me quando a termino, noutras entro em euforia. Realmente tanto faz o que se declara em voz alta mesmo que o resultado seja um poema escondido

Arábica disse...

"...o espaço da m/memória a partir daquela noite em que li este teu poema, quando me lembrar de ti, vai disparar mais uma série de ideias. Julgo que às vezes não consigo decorar poesia, porque vou armazenando ideias, formas e cores, em relação às pessoas que vou conhecendo pela vida fora, em formato "large". Para os que merecem -é o caso- existe ainda o "extra large".
Daqui a 30 anos, quando este bando se reunir no Jardim da Estrela, de bengala, chapéu e sorriso atrevido pela ousadia, vou-me virar para ti, de braço dado com a Lola e vou-te pedir para nos declamares o poema "Que" ou o "Abril" e depois o "Daquele de travo amargo, espuma" ...não saberei com que palavras os escreveste, mas lembrar-me-ei das imagens que ficaram perpetuadas no tempo...dos silêncios cortantes, também :) porque tu, tb os sentiste ao longo da tua vida ou sobre eles escreves-te.
Claro que depois ficaremos todos extasiados com as histórias da Lizzie e aí entrará a Lola, com a sua sabedoria de prevenção pelos nossos reumáticos...adivinho que nos riremos...nessa altura, o mundo para nós será uma criança travessa, perante o nosso olhar complacente...


Ou não.

:)

Um beijo.

Lizzie disse...

PROTESTO:

daqui a trinta anos eu não quero ir para o Jardim da Estrela porque tem a basílica e me fará lembrar funeral.
O empedrado não será o mais aconselhável para a minha cadeira de rodas e as artroses do cavalheiro Alien não lhe permitirão empurrá-la,ainda menos só com um braço porque o outro vai a segurar a Lola que está com a mania de ir apanhar o comboio na Pedro Álvares Cabral porque no norte está mais fresco além de que a bengala da Arábica se vai meter nos raios das rodas porque enquanto ela declama as poesias de qualidade xxxlll do Alien agita os braços como a Natália Correia acabando por me dar um murro na cabeça e a Lola em vez de me dar uma aspirina vai sacar de anfetaminas e eu não me vou calar com histórias seguidas a pontos de terem que chamar o 112 de Madrid estacionado em Boston e que cá chegam de seringa em riste e aí eu levanto-me e desato a correr como a Rosa Mota e os que estão a jogar às cartas vão gritar MILAGRE e não nos vai apetecer ficar mais trinta anos à espera da canonização para então morrermos descansados com o estatuto de santos ainda para mais não tendo o referido jardim espaço para acolher futuras peregrinações.

Fim do protesto!

Alien8 disse...

Bettips,

É uma boa resposta, para nós que também temos as nossas razões para o cepticismo. Penso, ainda, na transformação das pessoas e do mundo. Não as cristalizo em boas ou más, nem mesmo de um modo geral. Quero dizer com isto que o meu (algum) cepticismo não me impede de acreditar em mudanças. Porque, diz-me o lado da razão apoiando o outro, já as houve, sempre as houve, e no geral para melhor - a história da espiral, ou a espiral da História. E já dizia Camões... isso mesmo.

Obrigado por responderes.

Um beijo.

Alien8 disse...

Teresa,

Sim, é como (d)escreves. Mas a estafa não exclui, também, a euforia. Ou, por vezes, um calmo sentir-se bem.

Há também a frustação do que considera inacabado, e assim vai permanecendo durante meses, anos, sempre... porque até existe, com frequência, um certo medo, ou pudor, ou seja o que for, de lá voltar, continuar, acabar...

Alien8 disse...

Arabica,

Quanto ao XL, estás no campeonato, evidentemente :)))

Daqui a 30 anos não serás a única a não te lembrares das palavras, garanto-te! Mas, se me pedires que "declame", farei o possível, tendo em conta a memória e a garganta...

Acho a bengala um pormenor bastante chique, e o Jardim da Estrela um óptimo cenário, apenas com o senão abaixo apontado pela Lizzie, que, sem dúvida, terá então muitas mais histórias para contar. E nós abriremos a boca, porque ainda seremos capazes de algum espanto, mesmo que o nosso olhar seja complacente. E talvez não seja.

Pintaste um quadro ao mesmo tempo cómico e comovente.

Quero fazer parte desse quadro, e já me vou rindo por conta :)

Um beijo.

Alien8 disse...

Lizzie,

Tomei devida nota do PROTESTO.
Mas o empedrado, por essa altura, terá já desaparecido. Ou as cadeiras de rodas evoluído a ponto de as não incomodar o empedrado. Ou, hipótese que me parece mais certa, a cadeira de rodas ser apenas um adereço, que capaz disso és tu :)

A prova está no desenvolvimento que dás à companhia, que bem seria capaz de nos matar a todos de riso.

Bengalas nos raios, comboios para o Norte, murros na cabeça, anfetaminas, 112 de Madrid e Boston e milagres, tudo isto parece a nossa cara, e uma continuação credível da hipótese da Arabica.

A basílica, confesso, também me faz alguma confusão. Mas, afinal, seremos santos, por isso...

:)))))))))))))))))))))))))

Um beijo.

Arábica disse...

Alien :-D

Estou a rir-me (com gargalhadas farfalhudas) há muito tempo. Acho que acordei a vizinha de cima e o seu filho, padre. Seja o que Deus quiser. É o que faz a lembrança da Basilica. A Lizzie esquece-se que nessa altura, entre o jardim e a basilica, ja construiram decerto um centro comercial. Haverá ainda mais vendedores de castanhas assadas. Aliás nessa altura, já com os mercados de novo em alta, terão sido importados de Boston milhares de cachorros quentes, bem temperados com mostarda brassica nigra. Aliás, nessa altura o Jardim da Estrela será o Hyde Park do burgo lisboeta e a própria Basilica muito utilizada por coros, que elevarão as suas vozes até à Estrela Suprema, pastelaria de renome e fama comprovada nos seus pasteis de nata, ali mesmo à esquina.

Se a Lola teimar em embarcar, podemos sempre pregar-lhe uma rasteira...que dizes, Lizzie?
Eu até lá prometo aprender recato nos gestos para não te agredir! Em vez disso, com as anfetaminas em bando e aos pulos, calçaremos todos os patins em linha e sempre podemos acabar no lago, que com sorte, estará colonizado por dezenas de patinhos brancos a fazerem quá-quá :))

Ai.....!


Isto não se faz.

O filho da vizinha, amanhã de manhã, vai - me pregar um sermão.
E lembrar-me que tudo isto começou como um protesto com inicio na Basilica da Estrela!

Alien, desculpa o tempo de antena.

Mas o provedor deu-me direito a resposta :)

Obrigada por estes momentos.

Poesia, filmes, quadros e tudo o mais que queiram. :)

Beijos

Teresa Durães disse...

(não tenciono andar de bengala daqui a trinta anos. provavelmente ainda tenho de trabalhar com as regras a alterarem-se constantemente. Mas prometo passar-vos rasteiras e rir-me sozinha!

Lizzie disse...

Peço-te desculpa, Alien torróncito de almendras, mas o provedor disse-me para eu responder a este ataque à minha falta de visão. No futuro e ao perto.

A Lizzie Karamba Oxalá, minha intima colaboradora, disse-me que nessa altura a Basilica será,definitiva e provisóriamente, o ministério das finaças onde se elabora o 123454780000000 orçamento rectificativo já que por ordem do 1º ministro, sua excelência o engº João Aristóteles, cedeu as instalações do Terreiro do Paço, em nome da glória pátria, ao futebolista Ronaldo e a sua família.
Arábica será apanhada no radar localizado na R de não sei quê à Lapa, já que tem por hábito descê-la em alta velocidade, em direcção a Santos porque se tornou viciada na canela do vinho quente, servida em restaurante da zona e onde Lola pergunta aos transeuntes onde é a estação do TGV (localizada secretamente no Marquês, por debaixo da estátua).
Eu estarei na cúpula da Basilica a recitar, apanhando-lhe o ritmo, com o meu definhado corpo:
contrato contragosto contraído
contraste contrafeito contraluz
...

e tu,mi e.t. de corazón paciente, estarás sentado num banco (design Altamira) do jardim, abanando a cabeça e perguntando-te: quem é que me mandou meter-me com estas doidas "contra-natura", cheias de "contra-senso","contrapeso" de gente, e eu aqui " contrafeito" com vontade de "contra-ataque" e ainda perço a cabeça e lhes dou com uma placa de "contraplacado" na cabeça, que até ficam a ver tudo em "contraluz".

E mais informo que sei andar de cadeira de rodas mas nunca aprendi a andar de patins e lesões já tenho que cheguem.

Bom fim de semana sem qualquer "contratempo".

Arábica disse...

:-D


(sem perigo de a uma hora destas aordar alguém)

Arábica disse...

acordar, com as devidas vénias à Zizzie e à mareira da Teresa ;)


:-D


quem leva as cartas?

:)

Arábica disse...

matreira :)

Arábica disse...

pensando melhor :-D

quem precisa de cartas???? :)

Anônimo disse...

E como era esse tempo e esse espaço em que ainda fumavas?

Bjs e bom fim de semana

Alien8 disse...

Arabica, Lizzie, Teresa,

Vós fazeis (à nuarte, pois!) desta caixa de comentários uma festa, por isso não tenho forma de responder a cada uma, simplesmente não é bem...

Tendes, naturalmente, todo o tempo de antena que querendes:) para pregardes rasteiras e, com sorte, bengaladas, e... espera aí, uma caturra a pregar rasteiras? Ai, que tempos aí virão!... e, dizia, a brincar com os meus versitos, a jogar com as minhas palavras (boa, Lizzie! - quem sabe se um dia também poderei jogar com as tuas coreografias - e estampar-me, está visto... :))), a fazer acordar as vizinhas mai-los filhos padres a meio da noite (como é de bom tom, que a meio do dia não teria piada nenhuma!)

Perspectivas de futuro em que envolveis descaradamente centros comerciais, patins em linha (patins em linha, meu Deus!), patinhos, também em linha, cantando os seus quá-quás, TGVs secretos, Ministérios das FINAÇAS (eheheh, onde é que isso fica agora???), pastéis de nata, cachorros de Boston e vinho quente, um alien num Altamira mirando o excesso de velocidade da Arabica (cuidado com as curvas da estrada de Santos!!! :) e, de passagem, o sorriso da Lola apontado ao Nuarte e, realmente, quem me mandou... eheheheheh... pensáveis que o nonsense tinha acabado naqueles posts malucos do Pois, e muito vos enganáveis, tales e quales como o je.

A verdade é que vou passar este fim de semana com um sorriso na cara - e tê-lo começado às gargalhadas também não esteve mal.

Que vós assim também o passeides, que bem o mereceides :)

Um abraço às três (da Lola também).

Alien8 disse...

Marr,

Mudaste de nome, pelo que vejo.

A tua pergunta é das boas, quero dizer, daquelas para as quais não tenho resposta, a não ser através do que escrevo e por aqui e ali publico em prosa e verso, conforme posso e sei. Remeto-te, por exemplo, para os posts sobre "Fragmentos - Cafés e afins...", com a etiqueta "prosa", caso queiras tentar satisfazer a tua curiosidade.

E agradeço-te a pergunta.

Para não te deixar sem resposta, só te digo que eram um tempo e um espaço em que eu era um bocado mais novo :)

Um beijinho e bom fim de semana!

Arábica disse...

Alien

-já com ar de santinha mas não de sonsa ;) aqui venho para pedir desculpa pelos desacatos causados em todas as artérias deste bairro :) durante a tua ausência e deixar um abraço de bom fim de semana :)

Ps-ja tenho um exemplar do livro "Vestigios da educação feminina no sec. XVIII em Portugal" onde espero encontrar toda a formação sobre modos recatados :)

Rosalina Simão Nunes disse...

E ainda dizem que fumar faz mal... :p:p

bettips disse...

Alisaremos pacientemente as penas mornas dos nossos pássaros. Olhando os olhos dos nossos filhos.
Céptica para mim, esperançada nos novos.
Bjinho

bettips disse...

Servi-me da tua poesia, não desta
travo amargo contragosto contraído desespero ou vigilante.
A outra que me deixaste em coment.
Obg Bj

Alberto Oliveira disse...

"... a poesia é uma arma
eu não sabia..."

(Não. Não é esta e esta também não é exactamente assim, porque começa por "cantiga" e depois mete qualquer coisa que tem a ver com a pontaria e isso torna-se um problema para qualquer ave que por aqui passe e já é do domínio geral que eu com uma arma na mão sou um perigo público... )

a poesia é tudo aquilo que não escrevo
a poesia está-me no corpo mas dificilmente saberia como arrancá-la de mim próprio e dá-la a ler
nem mesmo com um bisturi
e não pretendo palavras com sangue por aqui
com a poesia dos outros é que lido bem
começo a lê-la em cascais e só páro em belém
devoro poesia como quem come pastéis de nata
cheguei a dizer poesia em plena rua da prata
ah! e o melhor de tudo: dou-me com poetas
daqueles à séria e dos outros das tretas
enfim,a poesia é tudo para mim.

ao dispor, o vosso legível benjamim.


belo post e óptimos comments. Abraço.

Arábica disse...

Esperando que o fim de semana tenha sido bem passado e que a proxima semana traga novas poesias, deixo um abraço.

Para a Lola, um beijo.

Teresa Durães disse...

ai, ainda neste fim-de-smana fui espreitar o Jardim da Estrela para ver se as minhas vítimas andavam por lá. Voei voei voei mas não as encontrei. Mas não é que tive de fugir de uma fisgada de um Legível que não gosta de passarada?

Teresa Durães disse...

(esta caixinha não serve para devaneios? e as caturras não derrubam Aliens e afins? ah! mas isso dava uma discussão sem fim!)

Arábica disse...

(deixam o bairro ao Deus dará e depois não têm mãos a medir :))

-o que vale é que eu já li alguns capitulos importantes do livro acima mencionado e agora estou irreconhecível. O pudor e o recato, impedem-me de olhar para as fisgas e para os pássaros :)
Já nem à janela assomo.


Com licença.

Retiro-me :)

Maria Trindade Goes disse...

Pois eu também me retiro, que isto de estar a escrever só con uma mão, porque a outra está a segurar a cabeça segundo orientação dada pelo cotovelo em cima da mesa pousado, contrariando todas as normas de etiqueta,é trabalho assaz difícil e moroso, para além das interrupções dos.... pensamentos e se alguém entrar e me vir nestes preparos, posso sempre dizer que estou a criar uma performance pós moderna estática para El Verdito, porque ele ainda não disse se quando cai no chão também está sujeito a traumatismos craneanos como os terrenos e a Lola ainda está na base da estátua mais inclinada da Eu....ropaaaaaa, perdão, porque,
onde é que eu ia?
Qual Jardim da da da


da


(catrapum)

buzzzzzzzz, hummmm,buzzzzzz

Anônimo disse...

Tens lá um galardão.


http://bandeiranegra1.wordpress.com/2009/01/26/somos-premio-dardos-gratos-venerandos-obrigados/


Abraço.

Alien8 disse...

Arabica,


Tiveste um bom fim de semana? Leste o manual inteirinho? Recato é já o teu nome do meio? :)

Veremos, veremos... essas crises costumam passar depressa :)

Portanto, uma semana boa e nada recatada para ti, e beijinhos.

Alien8 disse...

Teresa,

O nosso devaneio deste fim de semana foi fintar a Caturra. Acho que conseguimos :)

Se elas derrubam aliens ou não... terás que o provar, mas em duas linhas, no máximo :)

Um beijo.

Alien8 disse...

Bettips,

Um pouco como tu, sim. No cepticismo relativo e no alisar de penas. Belíssimo, aquele poema da Emily Dickinson, não achas?

Um abraço.

Alien8 disse...

Legível,

"La poesia es un arma cargada de futuro", escreveu Gabriel Celaya e musicou e canta Paco Ibañez. Pois, essa também.

A que não escreves, não a vejo, mas deve ser muito boa, a julgar pela que escreveste. Ou o benjamim.

Obrigado pelo teu acrescento à minha réplica, e um abraço!

Alien8 disse...

élis/lizzie,

Como dizia em tempos um sujeito que conheci, vós sois das que andam dar melhores quedas por aí :)

El Verdito nunca caíu, por isso não posso confirmar nem desmentir essa dos traumatismos. Tirando uma vez em que se atirou para uma piscina vazia, mas isso nem conta como queda, é mais um mergulho... no espaço, pois claro!

E outra vez numa Honda 50. E quando foi com a Lola cortar milho numa Diane... e... ai, esta memória anda a falhar muito :)

Já acordastes? Estais bem?

Beijos para as duas e para o pato.

Boa semana!

Alien8 disse...

Spartakus,

Muito obrigado pela distinção (ahem).

Como sempre, passo-a descaradamente ao punhado de amigos que me visitam.

Lá vão dardos!!!!!!!!

Bom fim de semana e um abraço.

Anônimo disse...

nop, não mudei de nome :)
Lapso do teclado

E não eramos todos mais novos há uns anos atrás?!

bjs e boa semana

Alberto Oliveira disse...

Para Teresa Durães:

Não frequento tal jardim
que d´estrela é chamado
o da celeste, esse sim
que é muito mais animado.

que é muito mais animado
tem aves p´ra todo o gosto
voando em voo picado
têm brevet quase aposto.

têm brevet quase aposto
e é vê-las em debandada
quando me leem no rosto
o meu gosto pela fisgada.

o meu gosto pela fisgada
que duma lenda não passa
pois eu amo a passarada
e o seu voar não me maça.

Alien8 disse...

Mar,

Ainda bem, porque gosto de Mar :)

Queria eu dizer que aquele tempo e aquele espaço eram um tempo e um espaço em que eu era mais novo, com tudo o que isso implica em termos da essência desse tempo e desse espaço e da visão eventualmente distorcida que hoje posso ter deles. Não quis apenas dizer que era mais novo. Agora se éramos todos "um bocado" mais novos é coisa de cada um :)))

Um beijo e uma excelente semana!

Alien8 disse...

Legível...

... a Caturra que te perdoe, se puder :)))

Eu cá, rio-me.

Boa semana!

Alien8 disse...

Rosalina,

Não, não me esqueci de te responder. O problema é que a pergunta implícita na tua provocação não é de resposta fácil. É verdade que já não me desespero por fumar vinte cigarros seguidinhos... também não desespero por os não fumar... 'tás a ver, não é? :)

Muito obrigado!
Um beijo.

Teresa Durães disse...

Hum... perdoar perdoo, mas esquecer? Apesar da minha cabeça ser pequenina, tenho uma memória comprida. E mais tentativas a fintar a minha espécie, chamo as primas catatuas e quero ver quem depois bica!

piu piu piu!

Alien8 disse...

Teresa,

Ehehehehehehehe! Aí vem o exército completo!!!! Por coincidência, era eu miúdo (Há séculos, portanto), conheci umas "primas catatuas". Eram aí umas 7, algumas já acima da idade teen, e vê-las fazia as delícias da miudagem da minha idade. Eram 7 irmãs lindíssimas.
Bons voos!

Emma Larbos disse...

Venho aqui para apoiar o protesto da Lizzie a respeito da Basílica. Está amaldiçoada! E o melhor é ninguém marcar encontros lá por perto, ainda por cima para daqui a tanto tempo. No séc. XVIII, a princesa D.Maria, filha de D.José, resolveu aderir à moda de prometer igrejas em troca de filhos para herdar tronos. Lá que engravidou, engravidou, mas a criança morreu dois anos antes de a basílica estar terminada! Para consumar a maldição, só falta o Saramago escrever o Memorial da Basílica!

Alberto Oliveira disse...

Para Teresa Durães:

(que me permita o administrador deste poético sítio Allien8)


Depois de um dia terrivelmente negativo, que bem me faz sentir-me perdoado... mas não esquecido. A partir deste momento garanto que qualquer género de aves ou de pássaros, nada terão a temer da minha pessoa. Hoje mesmo, libertei de minha casa - onde viviam em permanente clausura, três (3) canários amarelos às riscas, um (1) papagaio de papel de fantasia, duas (2) araras gémeas guatemaltecas e um (1) corvo preto com uma tatuagem no umbigo com o brasão da cidade de Lisboa. Foram todos em paz e bem alimentados. Fiquei apenas com uma águia embalsamada turca, porque a pobrezinha já não pode voar e é um belo adereço ao lado do bar-garrafeira.

Cumprimentos esvoaçantes.

Alien8 disse...

Emma Larbos,

Este espaço é aberto a todos os protestos e apoios, pelo que muito agradeço os preciosos esclarecimentos históricos. Mas... se a criança morreu antes de a basílica estar terminada, porque não a deitaram abaixo, ou a deixaram simplesmente incompleta?

Prometo que, se insistirmos em marcar o encontro para a tal data indeterminada e local certo, convidaremos a Emma Larbos para nos livrar da maldição - ou para, muito assisadamente, nos desviar para outro sítio, quiçá noutro continente, quiçá levados por um Jumbo... :)

Quanto ao Saramago, não sei como seria o memorial da basílica, mas do Memorial do Convento gostei. muito .

Alien8 disse...

Legível,

Permito, e continuo a rir-me. Ena, tanta passarada! E dois corvos dentro do corvo...

Vou sentar-me aqui quietinho, sem caçadeira na mão nem nada, à espera de que a Teresa venha responder, que isto promete!

Arábica disse...

Alien,


ai promete, promete :)

Mas eu recatadamente nada li sobre águias :) aliás...nem percebo o significado que uma águia poderá ter neste contexto :))

Já quanto aos corvos, o mesmo não acontece, precisamos tanto deles na vigilia a esta cidade!!! :))

Valha-nos S.Vicente!

Mas o que mais me anima são as promessas de Jumbo e de outros horizontes :))

Ahah :) eu troco a Basilica por um qualquer chão de terra quente!! :)

Nem precisa dizer mais nada ;)


Beijos matinais de café :))

Teresa Durães disse...

Legível: Sinto-me bastante aliviada, ufa! Já posso voar por aí sem perigo de ser ameaçada? Tenho de dizer que essa passarada foi uma petiscada para os gatos lá rua. Era vê-los a lamber os beiços, encantados, os miados de satisfação. Já esse papagaio foi cuspido, amaldiçoado e feita uma jura que todos os papeis de fantasia seriam alvo de injúrias já que não têm substância consumível.

P.S. Os mosquitos lá de casa andam intrigados. Será que o teu teclado só tem letra em itálico? Não é por nada, mas preciso de me inclinar para a direita, ganhar uma dor de costas e ficar com os olhos estrábicos para ler toda essa verrobeia

(foi de mais? ai, levanto voo e vou ter com os pardais!)

Alberto Oliveira disse...

Teresa:

Como é notório acabei de comprar um teclado novo e... branco mais branco não há, que o meu dentista sabe o que faz.

Desculpa qualquer mau jeito que tal inclinada verrobeia* possa ter causado ao teu sensível pescoço.

Tem uma bela tarde em companhia de quem gostares mais...

e dos pardais.

* e eu que não tinha ideia
que p´ra muito palavreado
se escreve verrobeia
que verborreia fica ao lado.

Teresa Durães disse...

Legível! ops... lá foi um erro de português. Os pardais mandam cumprimentos

.
.
.

escreva três vezes:
verborreia
verborreia
verborreia


Caturra baixa a crina e sai em passitos mansos

(será que fiquei com o teclado antigo do Legível?)

Alberto Oliveira disse...

Para Arabica e Teresa Durães, e por esta ordem:

Efectivamente uma águia não significa nada neste contexto... nem em qualquer outro. Uma águia é apenas isso mesmo: uma águia, e até se deu há pouco tempo uma cena caricata mas que demonstra como se pretende utilizar estas aves para fins menos democráticos. O pobre bicho fartíssimo até à ponta do bico de ouvir as vozes ensurdecedoras de milhares de pessoas amontoadas num recinto ovalóide, raspou-se à francesa e foi o cabo dos trabalhos para a encontrarem. Coitada da águia...

............................

Mais uma vez as minhas desculpas mas lá estou outra vez com a letra inclinada para a direita mas agora juro que é por causa do vento que tem soprado por aqui. É o que já dizia a minha avó "quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita... e arranja desculpas na cabeça dum tinhoso". Que Deus a tenha em descanso, que eu lhe perdoo a falta de fé que ela tinha nas capacidades atléticas do neto...

Arábica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arábica disse...

:)))


eu bem dizia que prometia :))

Mas oh carissimo Legível, para lá das devidas inclinações de que a Teresa se apercebeu eu hoje fico com sérias preocupações: se o dentista lhe assegurou a brancura do teclado o que teria feito o informático ao seu gentil sorriso? :)

E para si, aqui fica uma tentativa de verso:

Oh Águia que vais tão alto
neste nosso campeonato
não te deixes enrolar
nas promessas de mecenato :)


Uma águia também pode ser uma cerveja. Voltamos assim à poesia do Alien sem qualquer contra-ataque contra natura a àguias de estimação :)


Beijinhos para todos(por fim domestiquei a enxaqueca que me consumiu o dia)

Arábica disse...

Alien


e obrigada por este Temps des Cerises :)

a não esquecer, nunca.

Alien8 disse...

Aos mais recentes comentadores:

Ora, o trabalho que a Arabica teve para fazer voltar os comentários ao núcleo do post!

Lembrar a cerveja Águia :)

Mas a polémica está rija. Esta gente é terrível, faz os bichinhos comerem-se uns aos outros e revela inclinações para a direita!!!

E os mosquitos... agora percebo aquela intrigante expressão "mosquitos por cordas". Ainda não vejo as cordas, mas algo me diz que não tardarão a aparecer...

Para a Arabica: o LeTemps des Cerises foi (é) uma homenagem à memória de alguém que me foi muito querido. Ao mesmo tempo, uma memória da própria canção.

Para a Teresa e o Legível, como se dizia quando eu era ainda mais miúdo: "Kss Ksss, sejam amigos!"

.................................

Arábica disse...

Alien,

começo pelo fim: um abraço.

Le Temps des Cerises é uma canção enternecedora, de laços e memórias.

Teresa Durães disse...

Bom dia por aqui (e ainda esquecendo o teu belo texto):

Mas eu sou amiga do Legível e se admiro a sua ironia!! Claro que às vezes parece que dou umas bicadas violentas mas a culpa é dos meus dedos que deslizam a uma velocidade estonteante e não os consigo segurar (terei dado algum erro de português? Onde anda o corrector automático? que blog tão fraquinho!)

Caturra (de pescoço à banda - para a direita eheheh)

piu piu

Arábica disse...

:-D ou O-: (conforme as inclinações)



;)

Alien8 disse...

Arabica,

Um abraço para ti também, e muitas cerises :)

Alien8 disse...

Teresa,

Aquela coisa do Ksss ksss sejam amigos era usada para ATIÇAR e não para apaziguar :)))

Ah, e o meu blog não é fraquinho: só não facilita a vida a quem dá erros, gralhas e outros passarocos. Corrector ortográfico, kéisso? Bah!

Piu piu para ti também :)
E que ningém satreva a xamarme diz léxico!

Teresa Durães disse...

(o que já ri com todos estes comentários nesta caixinha de poucos centímetros. Todas as manhãs venho cá só pelo prazer das gargalhadas. Devo fazer uma figura de tonta a rir sozinha com autênticas risadas. Claro que assim nunca pensarão que sou uma pessoa séria, uma caturra condigna, perfeitamente yuppi e a voar em bando. Mas todos da minha família - incluíndo papagaios e ararras - têm a mnania que são senhores do seu bico!)

oh, oh, onde se enfiou o Legível agora que levou um elogio? Será que terei de ser novamente má lingua? Ou torcer o pescoço para a esquerda? Que isto de esquerdas e direitas tem muito que se lhe diga!

Mocho Falante disse...

Efectivamente, adoro este jogo de palavras misturada com toda a tua originalidade...PARABÉNS

Um abraço

Arábica disse...

Ainda bem que eu não sou a única a rir-me aparentemente sózinha :))


Pois é. Onde andará o Legível?


Isto são lá coisas que se façam, deixar os elogios a meio :))

Teresa Durães disse...

P.S - o blog não é fraquinho? E onde estão os prémios blogueiros colocados à direita tal estandartes de senhores de guerra?

Alien8 disse...

Oh senhora do teu bico!

Podes rir-te à vontade, que a gente não leva a mal. Caturra yuppi, pois... que linda e obediente!

P.S.: Escolha uma resposta s.f.f.

1. Os prémios eram tantos que já não cabiam ali à direita.
2. O autor do blog não gosta de colocar prémios à direita.
3. O autor do blog não gosta de colocar prémios, nem mesmo à esquerda.
4. O autor do blog acha que estandarte e estandardizado condizem, e não aprecia nenhuma dessas coisas.
5. Os prémios estão no blog da Caturra, que os rapinou e voou para longe.
6. Prémios? Há prémios? Que prémios?
7. All of the above.

Alien8 disse...

Mocho Falante,

Obrigado e um abraço para ti. E bom fim de semana!

Alien8 disse...

Arabica,

Não és a única a rir-te sozinha, isso garanto :)))

"Onde andará o Legível?" é a pergunta do dia. Cá para mim, foi comprar uma "arma eficiente", como diz a canção, por via da infestação de passarada que por aí anda...

Bom fim de semana e um beijo.

Teresa Durães disse...

Alien8: Claro que a resposta é simples!

8 - A Caturra nunca me ofereceu um por isso recusei os outros todos

lol

e piu!

Alien8 disse...

Teresa,

Hmmm hmmm... queres dizer que a Caturra NUNCA TINHA OFERECIDO!

Tens que confessar, portanto, que a minha jogada de antecipação foi, como direi, brilhante?! :)))

E nem mais um piu! :)