Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

20 de mai. de 2009

Comparando...

Chico Buarque canta "Geni e o Zepelim", da peça teatral "Ópera do Malandro".

Lotte Lenya canta "Seeräuber Jenny" ("Jenny Pirata"), da "Ópera de Três Vinténs" (Dreigroschenoper"), de Bertolt Brecht e Kurt Weil - na qual a "Ópera do Malandro" foi nitidamente inspirada (e não o digo apenas por esta canção).

Prefiro outras versões alemãs, como a de Gisela May ou a de Hildegard Knepf, mas esta tem a vantagem de apresentar uma tradução para Inglês (não a adaptação de algumas versões, como a de Nina Simone, mas uma tradução mais conforme com a letra original).

A comparação é, no mínimo, interessante.

Em futuro post, talvez coloque frente a frente "Die Moritat von Mackie Messer", mais conhecida apenas por "Mackie Messer" (com várias versões em Inglês, incuindo a de Louis Armstrong), e a "Homenagem ao Malandro", de Chico Buarque, da peça que acima referi. Esta "homenagem" é a única canção da "Ópera..." não composta por Chico Buarque.













51 comentários:

Justine disse...

Excelente exercício... vou pegar nos velhos discos que andam cá por casa, acho que vai ser divertido!

Lizzie disse...

Herr Alien:

nem preciso de te dizer de qual gosto mais:))naturlich!

(como é que se poêm umlauts nesta coisa:)?

Kurt Weil, que adoro e não só pela música como pelos "cenários" dela, sempre foi uma fonte inesgotável, até a nível de dança.

Volta e meia recorro a uns cds, digitalizações daquelas com muitos chhhhhhhhs em fundo:)

E, só por ser fonte para criações de autores tão díspares,já é demonstrativo da sua grandeza.

Ainda,no outro dia, estava a ouvir a Annie Lennox e...lá estava chapadinho.

Honra também a quem consegue inspiração respeitosa e com qualidade. E são muitos.

Devo confessar que não morro de amores, em geral, por música brasileira, ou seja, raramente ouço e nunca utilizo. E acabo por sofrer de ignorãncia, claro.

As que guardo, contam-se pelos dedos de uma mão. Ocupada pelo Chico Buarque. Para a outra mão, passam nomes soltos: um aqui, outro ali.


Abraço X2

wind disse...

Quando saiu a Ópera do Malandro passei muitas horas a ouvir o vinil:)
Foi paixão mesmo:)
Excelentes estas duas versões que colocaste:)
Beijos

uf! disse...

Na ida década de 80, Maria Alice Vergueiro trouxe a Portugal um espectáculo com músicas de Brecht/Weill; era acompanhada, ao piano, por Mário Laginha. Uma das canções era precisamente «Die Moritat von Mackie Messer»; era uma tradução bastante próxima do texto original, mas não recordo já quem traduziu («Tubarôes têm/ dentes fortes/ afiados pr'a cortar/ mas o Mackie/ tem sua faca/ afiada/ pr'a matar...»)
No youtube há muitas versões desta composição e até quem faça um pot pourri de algumas:
http://www.youtube.com/watch?v=ca0VAUI9QAo.
Quanto ao trema, Lizzie, no meu computador consegue-se clicando näs tëcläs Ctrl, Alt e na que tem +*¨

Lizzie disse...

Ai os pontinhos chämäm-se trema?:)

Agradecida pelos ensinamentos!

Por falar em década de 80, havia um espaço enorme em Nova Iorque, (mas mais pequeno que os hoje tão proclamados pavilhões multiusos e os centros comerciais) que reproduzia em decoração, traje e música os idos finais de 20, início de 30.

Foi lá que ouvi pela primeira vez, ao vivo, as canções do Kurt. Em alemão.

Também tinha jazz. A rigor.

E as tão famosas bandas.

E uns actores que iam desde o Al Capone e o seu cão, ao Weil e sua mulher Lotte.

A minha sorte foi ir lá mas...de borla, em visita de estudo.
Aquilo era tão caro que não tinhamos dinheiro nem para a couple of beers.

Que me lembre, lá não existiam minis nem imperiais. Lembro-me, sim, de umas canecas, nas noites alemãs, de um litro.Emborcavam aquilo de uma vez só.

Nós ficávamos pela Coca-Cola servida no copo correspondente ao primeiro design. Tão giros.

uf! disse...

Lizzie,
Em português chama-se trema ou... «dois pontinhos» :-), sim; aliás, nunca entendi porque raio os alemães chamam «umlaut» a uma coisa que se está mesmo a ver que é um trema...
:-) Estou a brincar; como presumo que saiba, também os alemães têm a palavra Trema, sendo Umlaut a designação de metafonia - a mudança de som provocada pela utilização do Trema.
A sua história fez-me recuar até agosto de 1974, em München, na Hofbräuhaus (Sim, não foram só Mozart e a Sissi que passaram por lá!). As canecas eram de...
2 litros. Nós a pensarmos que nem acabávamos a primeira, ainda despejámos a segunda. Diga-se, de passagem, que a cerveja era pouco alcoólica e a espuma mais que muita (As canecas eram de cerâmica, não se via). Aliás, a espuma da segunda caneca não foi bebida: foi «batalhada; em vez de batalha de neve, fazia-se batalha de espuma. Primeiro, soprando a que saía da caneca; depois... a mão fazia de catapulta... coisas de malta nova.
E muito dançámos ao som da banda residente!
De espaço frequentado pela nobreza (as damas da corte chegavam a beber 7 litros por dia), tornou-se num dos espaços mais heterogéneos do mundo; na mesma longa mesa convivem milionários, operários e gente de todas as raças e credos - desde que não abstémios, claro.
ai, ai, suspiro, saudadinhas
:-)

Arábica disse...

Ainda sem som, socorro-me da memória da ópera do malandro e da memória das "canções de Brecht", levadas a palco em Almada (uma tarde muito, muito agradável por todas as razões), ainda há poucos meses.

Pois sendo assim, Alien, o melhor é pegar na cerveja, como tónico (ou técnico??) auxiliar e fingir que sei cantar em alemão :))

Beijos (com pena de não poder escutar).

Teresa Durães disse...

1º O youtube anda lentíssimo e são minutos de espera até se ouvir a música (quando pessoas, como caturras que andam por aí, perdem a paciência)

2º Tens sempre de por aqui música estranha? E um heavy metal(zinho)?

- Olha, cinco horas depois ouço o Chiquinho para chegar à conclusão que não conheço esta...

bfs

Lizzie disse...

Oh Alien, esqueci-me de dizer que no fim de semana encontrei um disco da Marlene Dietrich, com canções..."arrastadas",entre outros autores, do Weil.

Fiquei toda contente. Adoro a expressividade, também, muito cénica dela.

E da Ute Lemper, gostas? Essa tem mais a vantagem do visual "cuidado".


E, se me permites

Prof:
as questões linguísticas sempre me fizeram mal à vesícula:) e o sítio onde vi beber mais, em litros, foi curiosamente, em Estocolmo. Os alemães têm a fama, mas os outros...


Abraço e bom fim de semana. Também para Patatita, claro.

Alien8 disse...

Justine,

Também acho!

Obrigado e boa semana!

Alien8 disse...

Lizzie,

Outra forma para colocar o trema, talvez mais simples: ALT Gr e a tecla que tem o *, o + e o ¨ (logo à direita do p nos teclados portugueses:)

Calculei que gostasses mais da Lotte.
Não sei porquê :)

Weil é excepcional, sem dúvida. E, naturalmente, também gosto da Marlene Dietrich e da Ute Lemper, ambas já com direito a música neste blog, há uns tempos largos atrás.

Pena ouvires pouca música brasileira... tem muita coisa notável para além do Chico Buarque. Arranja mais uma mão :)

E mais dessas visitas de estudo, que eu também alinho :)

Um abraço dos dois e boa semana!

Alien8 disse...

Wind,

Obrigado!

Boa semana e um beijo.

Alien8 disse...

Prof,

Não assisti ao espectáculo de que fala. Em compensação, vi a Gisela May várias vezes ao vivo.

Obrigado pelo link, pelas explicações e pelas canecas! :)

Boa semana!

Alien8 disse...

Arabica,

Que pena, ainda estares sem som! Mas ainda vais tê-lo a tempo de ouvir estas duas musiquinhas!

Também não vi as Canções de Brecht em Almada...

Um beijo.

Alien8 disse...

Teresa,

Estranhas? Músicas estranhas? Que é isso? :)

Põe tu o heavy metal, que eu já tenho que chegue cá em casa...

Lamento a lentidão do You Tube... sabes que aquilo tem dias... haja paciência, mesmo para certas caturras :)

Boa semana!

Arábica disse...

Ah :) e de Ute Lemper também gosto muito! E de Marlene Dietrich, também.

Vozes tão veementes nas imagens para onde nos transportam.

E mesmo sem som, naveguei na letra da canção.

Beijos de bom café da manhã para ti e Lola.

Bom domingo!

uf! disse...

Alien, pois eu tive o grande, imenso prazer de assistir ao espectáculo de Ute, em Lisboa. Magnífico. A senhora tem uma garra! Enquanto que Chico, ao vivo, é «muito morto», Ute consegue ser ainda melhor do que em disco.Dos espectáculos ao vivo, foi um dos que mais me marcaram.
Bom domingo

Alien8 disse...

Arabica,

Ah, esse não som! :(

Bom resto de domingo para ti, e boa semana.

Muito som e beijos.

Alien8 disse...

Prof,

Pois eu não achei o Chico nada morto, quando o vi a solo, nem quando o vi com o Vinícius e a Nara Leão... :)

Acho que são estilos.

A Ute, hei-de vê-la na próxima oportunidade, que da outra vez não deu.

Bom resto de domingo.

uf! disse...

Pois eu, ao vivo, ainda só o vi a solo e achei-o sempre (duas únicas vezes) muito morto.
Aliás, a primeira vez em que o ouvi ao vivo, foi na festa do Avante em 1979 ou 1980... já não sei. E fiquei tremendamente decepcionada.
Depois disso, ouvi-o, ao vivo, mais uma vez - e mantive a opinião. Mas é apenas a minha opinião, claro
:-)
boa semana

uf! disse...

p.s. o facto de o achar «muito morto ao vivo» não significa que não o aprecie. Durante a época do vinil, tinha todos os discos dele editados em Portugal. Agora tenho alguns CDs. Gosto de muitas das letras; gosto das melodias; gosto muito da voz.

uf! disse...

Lizzie, já me chamaram muita coisa mas «questão linguística», foi a primeira vez
;-))))

Alien8 disse...

Prof,

"Questão linguística" não está nada mal :)

Coincidência: vi o Chico na mesma Festa. Mas já o tinha visto antes, em Coimbra, no Teatro Avenida. Em ambos os casos, gostei imenso. Mas é só a minha opinião, claro :)

De resto, compreendi que gosta da música e da voz e das palavras! Talvez tenha sido precisamente daí que veio a desilusão. Mas eu, "no fundo, sou um sentimental. Todos nós herdámos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo. Além da s..., claro." :)

Uma excelente semana para si!

Alberto Oliveira disse...

... música da boa passa por aqui. E não tenho problemas com o som (até ver) mas que o youtube está lento, lá isso está.

As "últimas" de Brecht também as ouvi (e vi) em Almada. Que coincidências que por aqui andam...

Abraço e óptima semana!

uf! disse...

BIngo! É claro que adoro a forma como ele diz isso... :-)
Imagine que andei a «ouver» filminhos de actuações ao vivo, para ver se descobria porque o achava eu morto... e não consegui. Não é pela sobriedade - que o espectáculo de Ney de que mais gostei foi aquele em que ele foi mais sóbrio e adoro a sobriedade do Caetano. Vai-se a ver é uma questão de química... ou de signos :-)
Boa semana também para si

Lizzie disse...

Ai de mim que nunca vi o Chico Buarque nem a mexer nem em estado morto, coitadinho.

A Ute, Alien, vê-se que está mesmo viva. Não se me depararam quaisquer dúvidas que respira.
(Neste mundo tão técnológico nunca se sabe se não teremos alguém embalsamado movido a robótica japonesa).

E, já agora, donde coño, sim donde coño, chamo eu "questão linguística" à Prof???

A chamar alguma coisa seria "metafonia":))

Já ninguém tem pena dos disléxicos?

Como pode uma desgraçada duma disléxica como eu, não ficar com a vesícula avariada, com a linguística, se tem que ficar 5 minutos a pensar se disléxica leva ou não acento?

Ninguém nos compreende? Oh, vil destino, ninguém?

:))

Quando houver mais visitas de estudo, bora lá, que somos pessoas muito estudiosas:)

Agora a propósito, conheces aquela bebida do sul dos EUA, aquele liquor, que a gente bebe só um bocadinho e não arde em nada à passagem e depois, passado um minuto, ou dois, começa a sentir calor no estomago (não sei onde leva o acento por isso não boto)e depois trepa para o esófago (o acento só pode ser no o), e depois para a garganta e depois para a face e depois o calor na cabeça faz com que uma pessoa fique sentadinha, quieta, a olhar para a grande animação doida de os cenários começaram a dançar?

Não me lembro como se chama, não senhor, mas sei que é uma espécie de whisky fabricado pelos negros e que estagia com umas ervas e com...malagueta.

Ofereceram-nos e o que se devem ter rido com as nossas caras...:)

Não te preocupes: tenho carta de condução:))

Boa semana

Alien8 disse...

Legível,

Coincidências, pois :)

Sabia que ias gostar da música.

Uma excelente semana também para ti, e um abraço.

Alien8 disse...

Cara Prof,

Bingo! E mais umas mines para uma boa semana :)
O resto são mistérios...

Alien8 disse...

Lizzie,

Hoje começo por agradecer a tua alegria, e a que nos transmites. Valha-nos isso!

Confesso que também não acreditei que chamasses semelhante palavrão à Prof... Afinal, metafonia é bem mais bonito. Ou, quiçá, umlaut... :)

Agora por umlaut, lembrei-me da sauerkraut e deram-me cá umas saudades!

O mesmo não posso dizer dessa bebida de que falas, que nunca provei. Acho mesmo que, para além do bourbon, a minha maior aventura licorosa nos EUA foi o eggnog! Que me lembre... :)

Em contrapartida, conheci umas bebidas em África, preparadas à base de cajú (o fruto, claro) e outras coisas mais ou menos misteriosas. Esses preparados eram genericamente designados pelo interessante e politicamente correctíssimo termo de "bebida cafreal"... (Só estou a dizer o nome...). Como qualquer adolescente que se prezasse, provei-as, com as inevitáveis consequências...

Um grande abraço, e "drive carefully, drive safe!":)

uf! disse...

oooooooooooooooohhhh!
:-(
e eu que já me afeiçoara à ideia de ser «questão linguística».
Mas metonímia também não é mau, nã senhora. Agora umlaut não me caía lá muito bem... Frau Umlaut...Nã! soa a muita austeridade!
;-)
continuação de uma boa semana - com sorrisos, vai ser certamente.
abraço-vos

uf! disse...

olha que metonímia esta :-))))
eu queria dizer era metafonia, claro!

Alien8 disse...

Ok, Prof, eu retiro o umlaut e fico com a metáfora, ooops, metonímia, ooops, telefonia:)

Teresa Durães disse...

Alien: Quando as músicas vêm do espaço como estas daqui, são realmente estranhas. Eu sou muito terrena lol e se tens em casa o tal heavy, porque não a colaboração do filho? (ou uma aprendizagem in loco!!) ahahah

Mas as caturras têm realmente pouca paciência. Há paciência para esperar quando podemos fazer tudo de uma só vez?

(por acaso gosto da música Tanto Mar do Chiquito e mais algumas dele)

Teresa Durães disse...

P.S Obviamente já despachei os vinis e assim não consigo acompanhar-te ahahah

Arábica disse...

Alien,

pois isto está ficar uma tristeza, pela parte que me toca:

... despachei os vinis, o giradiscos, a aparelhagem, o leitor de cds e a placa de som...mais um esforcinho e ainda sou capaz da grande proeza, de me "despachar" a mim mesma...

:))

Beijos e abraços


(e poucos despachos)rssss

Mocho Falante disse...

gosto passar por aqui e levar grandes doses de conhecimento...obrigado

:-) aquele abraço

Lizzie disse...

Alien:

tu não me fales em eggnog, a bebida oficial inglesa em período natalício. Só de pensar em tal coisa vou a correr para a água das pedras,salgadas, doces, vimeiro,carvalhelhos...:))

Quanto a música brasileira, a minha outra mão está ocupada com a Elis Regina.

Às vezes quem se devia chamar Alien era eu, se bem que ET sejam duas das letras que tenho no nome próprio e no apelido (vê lá a fartura): ouço as pessoas da minha tenra idade falar, com nostalgia, dos concertos das brasileiras e dos brasileiros no Coliseu.

Fico com impressão que é coisa geracional portuguesa que eu não vivi. Fica-me longe. Como me ficam os bares escuros com pessoas tocantes ou cantantes. Segundo me dizem, neles havia o culto da tal música brasileira.

Por acaso vi um espectáculo do Caetano em Madrid mas achei...que o pedantismo quase conseguia tapar o talento. Sorry.

Gostei mais de um imaginativo do Ney Matogrosso. Voz, corpo e decór. Já não me lembro onde foi.

Fui mais habituada a género discoteca de dança descompressiva e música (roupa,cabelo, arte) experimental e clubes de grandes espaços, como o que falei lá em cima mas mais ao jeito de ordenado e bolsa, onde podia pagar um ou dois bourbons ou cañas.:))Coca cola e sumo de laranja em épocas de mais responsabilidade e trabalho.:))

E vê lá tu a coincidência que ontem estive a ouvir dois CD da Ute. Num interpreta Edith Piaf, noutro canções de cabaret do início do séc XX. Que espanto! Óbviamente viva, sem dúvida!

Abraço

Arábica disse...

Alien,

ainda que sem som, deixa-me aqui jantar enquanto recordo Ney Matogrosso em 1987, Maria Bethânia e Caetano Veloso em 2002, ou seria já 2003?(não sei) .

Tive sorte: todos no Coliseu e vivissimos. Palcos cheios das suas presenças e suas vozes.

Caetano, a meio, a rir-se connosco,(quem diria que ele conseguiria ouvir?) de uma graça de plateia-nossa e privada, com aquele seu riso de voz quente (no ano do Habla Comigo de Almodovar, como referência).

Ney a invadir de magia a noite.

Bethânia a fazer acordar o coração, que é coisa, que em certos anos e estações, se quer adormecido. :)


Foi pena teres perdido essa parte, Lizzie, a dos bares escuros com música, embora isso, por encomenda ainda se possa arranjar :)))

Com mais ou menos luz.

Em troca da Ute :)


Beijos e abraços meus, que agora a música é outra :)! Uma voz diferente, em ritmo diferente: Rokia Traoré.

E aí vou eu :)

Alien8 disse...

Teresa,

Tens razão: São, de facto, músicas extraterrestres :)

Eu também gosto do Tanto Mar.

Vinis? Kéisso? :P

Um beijo, e paciência... e bons voos!

Alien8 disse...

Arabica,

Despachaste tudo e agora despachas-te mas é para Rokia Traoré! :)))

Excelente, o que viste. Que mais se pode dizer? São imprescindíveis.

Um abraço e boa música!

Alien8 disse...

Mocho Falante,

O mesmo me acontece lá no teu poiso...:)

Por falar nisso, tenho que lá dar um salto!

Um abraço.

Alien8 disse...

Lizzie,

Pois está muito bem ocupada, a tua outra mão, pela que eu considero A MAIOR. O Caetano, apesar do pedantismo, vale bem a pena. E o Ney. O João Gilberto. A Elisete Cardoso. A Clara Nunes. A Zélia Barbosa. O Jacob do Bandolim. O Tom Jobim, o Caimmy, o Vinicius, o Toquinho, o Paulinho da Viola, os Gonzagas todos, o Zé Ramalho, a Elba Ramalho, o Edu Lobo, a Bethânia, a Gal Costa.... e já chega, que há muitos mais nomes. Mas a Elis, a Pimentinha... imparável! E logo Elis, vê lá tu :)

Também fui de bares escuros. Com música brasileira, portuguesa, francesa, espanhola, sul-americana irlandesa, inglesa, americana e sei lá que mais...

Um abraço!

Lizzie disse...

Alien,

de facto, do que já ouvi, Elis Regina é Elis Regina,a maior de todas as Elis.

Obrigada por botares estes nomes. De alguns nunca ouvi falar.

A acrescentar às nacionalidades que falas vem a música judaica, sobretudo em estilo cabaret, pela Bette Midler. A mulher é absolutamente electrizante. Versatilíssima.

Tive (mos) oportunidade de trocar uma palavras com o Caetano e com o Ney.
Às peneiras,até intelectuais, do primeiro, corresponde a simplicidade e mais umas coisas ternurentas do segundo.
E houve coisas que me puseram a parte do sangue português a ferver: segurem-me que eu vou-me a ele.:)


E, se me permites
Arábica, cada pessoa tem os seus gostos e as suas vivências.

Lembro-me de ter vindo cá em férias e me terem levado a um desses sítios escuros com cantante. Aborreci-me de morte porque nada tinha a ver comigo. Era um mundo, com pessoas da minha idade, que me era estranho. Não estou a dizer que esse mundo estava errado, não senhora, credo, só que não me identificava em nada com ele.
Achava-o muito conservador e com falta de impulso criativo. Toda a gente me pareceu vestida de igual, com atitudes iguais, conversas iguais, seduções cruzadas pelo canto do olho, iguais. Um certo culto e louvor da instabilidade emocional.

Foi o que me pareceu, ou melhor nos pareceu, que a opinião não foi só minha.

Claro que posso estar errada. E o problema é meu mas estava habituada a outro género, a outros sítios.Em que cada um podia ser, vestir, o que lhe dava na bolha, desde que, com isso, não prejudicasse ninguém.

Cada coisa tem o seu espaço e o seu tempo e os peixes de água doce não podem viver na salgada nem os da salgada na doce.

Estou muito simpática, hoje:))

Arábica disse...

Lizzie,

mas afinal, conheces-te!!! :)

Havia de tudo nesse submundo da noite, dependia das noites. Uns dias era assim, outros não. Lembro-me do Arroz Dooce do Bairro Alto, que não tinha duas noites iguais.
As modas e os hábitos, já sabes, como são.
Mas claro que a graça que encontramos, depende das vivências que já trazemos. Concordo em absoluto contigo.

Doces ou salgadas, haja muita água. Para não morrermos desidratadas :)

Alien8 disse...

Lizzie,

Gosto da Bette Midler. Sem dúvida!

Quanto ao bar, creio que tiveste azar naquele que visitaste, independentemente de vivências e outros factores. Eu vi(vi) de tudo ou quase, pessoas parecidas, pessoas diferentes, gerações diversas, trajes conforme o gosto de cada um, etc...

Mesmo assim, o género bar-com-música-ao-vivo poderia não te ter agradado, como a mim nunca me agradou o estilo "discoteca".

Quanto ao Caetano e ao sangue a ferver, compreendo-te :)

Mas enfim, ele canta "Alegria, alegria" e a gente esquece o resto... :)

Um beijo.

Alien8 disse...

Arabica,


Pois. Das noites e dos dias e das pessoas e dos locais e das "modas" e da música e de se se podia ou não comer uma tosta mista quando a fome apertava... e etc. e etc. :)

Um beijo.

Lizzie disse...

Alien:

no meio disto tudo...sempre fui muito caseira:))

Contrariamente ao que geralmente se pensa, as pessoas com o tipo de vida que eu tinha, preferiam estar em casa com os amigos mais chegados.

Já nos chegavam as obrigações de ter que ir aqui e ali.

De qualquer modo, de facto, nunca gostei de bares-com-música-ao vivo, sobretudo em Lisboa. Quando cá vinha, lá ia ao mais vanguardista para a época: o Frágil.

Claro, como compreenderás, há uma grande diferença para a animação dos sítios de flamenco em Espanha.
Também já fui, recentemente, ao fado vadio e achei graça pelo ambiente.

Para quem dança, ou está ligado à dança e à moda, as discotecas matam dois em um. E descomprimem. Em Madrid e em Barcelona, há umas que são autênticos laboratórios de talentos.

E há sempre a Consuelo:))para matar a fome a qualquer hora.

Para o que nunca tivemos (amigos, colegas e eu) paciência foi para a instituição, tão anos oitenta, de sair à noite , tomar copos.

Só mesmo para ir desopilar em alturas de stress. De resto, ia-se depois do trabalho, "tapar" para esplanadas, ou a espectáculos e depois casa.

Como já disse, já bastavam as obrigações até publicitárias.

Abraço internacional.:))

Alien8 disse...

Lizzie,

Caseira? Bem, ok :)

De fado vadio também gosto, pelo ambiente e muitas vezes também pelo fado e pelos fadistas.

Passo as discotecas (que por aqui sempre me pareceram mais uns sítios infernalmente barulhentos onde as mesmas pessoas têm inevitavelmente que ver e ser vistas, e beber e etc. até caírem) e os copos à noite, conservo as noites em casa de amigos ou em casa com amigos, alguns bares com música ao vivo e, seguramente, a Consuelo, se já lá tivesse ido :)

Um abraço não necessariamente interbacional, mas também... porque não? :)

Alien8 disse...

* Interbacional, boa! Quem fala em dislexia? :)

Lizzie disse...

Alien:

Caseira sim!:)
Quer numa casa quer na outra tenho sempre montes de coisas para me entreter:)

Esqueci-me de dizer que, havendo mais folga no trabalho, o nosso vício eram os ciclos de cinema, ao pé da porta, abertos vinte e quatro horas por dia. Prazer gozado em dois continentes.Vi todos da Marlene Dietrich, Visconti e muitos outros, alguns várias vezes.

Em relação às discotecas aqui,do que conheço, tens toda a razão. Há falta de variedade embora agora haja mais dos que nos anos oitenta.Acabam por ser chatas e cheias de "esquemas". Os tais pensos para solidões.

Lá tinham, e têm, imensos espéctaculos que vão do teatro "sério" às performances mais experimentais. Às vezes interagindo com o público.
Acabam por ser sítios de várias artes. Tradições que começaram com a movida, copiando Nova Iorque.

E, é engraçado que, tirando as ocasiões publicitárias, lá as pessoas que toda a gente queria e quer ver...fogem: para sítios mais "escondidos", para casa própria, para casas de amigos onde se comem burritos e afins com pastas esquisitas:))

Vários famosos espanhóis visitam Lisboa com frequência. Alguém os vê ou sabe onde eles vão comer?:)

Adoro ter companhia na dislexia:))

Abraço

Alien8 disse...

Lizzie,

Pois façamos companhia um ao outro, na dislexia e nas preferências (exceptuando os bares com música ao vivo), que também me agradaria a variedade de escolhas de que falas. Mas confesso que agora estou muito caseiro mesmo. Agora, porque antes... enfim... :)

A questão dos famosos é não quererem ser vistos, ao contrário dos candidatos a famosos, que precisam de ser vistos. E famas também há muitas :)

Um beijo.