Aliencake
Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.
40 comentários:
desculpa citar-te (não gosto de o fazer)
"Em permanente desafio à História
Até que tudo se desfaça em nada
E a solidão do plano resultante
Me projecte um compasso mais adiante"
como identifiquei-me tanto.
Lindo poema, lida a melodia que fazes com as palavras, sempre tua fã (acredites ou não)
Belíssimo poema, como todos os teus:)
Achei este fortíssimo e profundo!
Beijos
Teresa,
Podes citar-me à vontade!
Somos fãs um do outro, pelo visto :)
Ainda bem que gostaste. De novo!
Wind,
Muito obrigado! É por isso que escrevo, que continuo a escrever.
Um beijo.
Uma visão nada euclidiana, Alien, nada certa e rigorosa, como se réguas e esquadros fugissem às normas encomendadas.
É, por isso, mais uma visão de olhos livres, porque sentidos. É uma paisagem de contrários e não me espantaria que as árvores corressem e os mares estabilizassem as ondas.
O instante sem tempo num espaço inventado, porque absolutamente pessoal.
E, pois, a vertigem de Ercher (saltando uns séculos por cima da gravura).
E, como sempre, cheio de movimento e muito cenário, tanto...cheio de visualizações.
Enfim, é um grande elogio, muito dançável e performativo:)
Abraço e boa semana.
ps.e, já agora, como já deves ter reparado, não sou muito fã dos pura e exclusivamente "euclidianos":))
Sorte a tua! que ainda fazes planos. Eu sou mais para o repentista e isso bem me tem tramado. Um gajo com o coração ao pé da boca, nunca deu bom resultado e até Picasso sabia disso... Mas não falemos das minhas misérias.
Gostei do teu poema e de saber que já por cá andas há quatro anos. Bem podes dizer que "parece impossível" pois também digo o mesmo e já cá cantam seis aninhos feitos em Dezembro passado. Mas creio que isto tem uma explicação: quando se gosta de fazer algo, até nos sentimos mal em terminar.
Do tornedó apenas provei um pouco: o meu médico proibiu-me todos(?) os picantes.
Abraço.
É interessante, cito exactamente o mesmo que a Teresa cita: por isso pergunto (me) seremos todos corpos na espera de um plano que nos projecte mais adiante?
Quanto a este belissimo poema, ele próprio uma carta de marear pessoal, mas transmissivel (como se vê pelos nossos comentários) aqui fica um obrigada por o partilhares connosco.
Quero mais :))
Um grande abraço.
Tudo de pernas para o ar.Alógica é subvertida todos os dias.A realidade não é o que parece. Resta-nos a poesia e a sabedoia dos afectos...
Gostei muito:))
Lizzie,
Ora bem, eu escrevo para a dança :)))
Escher foi bem lembrado, sem dúvida.
De resto, haverá sempre momentos euclidianos e outros que nem por isso... Mas o lugar deles não é a poesia. Quase nunca, vá lá.
Pessoal? Sem dúvida. Transmissível também, como mais abaixo escreveu a Arábica.
Muito obrigado!
Beijos
Legível,
Antes de mais, tira os picantes e pronto, come o resto :)
Depois, os meus planos surgem geralmente de repente, depois ficam parados À espera, mais tarde desenvolvem-se (ou não), enfim, são mais os planos que me fazem a mim...
Na realidade, ando por cá há cerca de 5 anos, prque comecei noutro blog, entretanto abandonado, mas ainda aberto... Mas 6 anos é melhor, por isso te faço a minha vénia :)
E fico satisfeito por teres gostado.
Um abraço.
Arabica,
Quanto à tua pergunta, acho que sim.
Espero que sim.
Não tens que agradecer, eu é que tenho. Obviamente.
E vais ter mais, prometo. :)
Um abraço.
Justine,
Obrigado, antes de mais.
A subversão da lógica cada vez me parece mais a imitação da realidade... precisamente porque "a realidade não é o que parece.".
O que nos reta ainda vai bastando, acho.
Bom fim de semana.
Alien,
vê lá como são as coisas: às vezes mandam-nos (mais a mim, coitadinha) coisas para ler: acha que é dançavel? Depois,na maior parte dos casos, pessoalmente (grande tragédia) ou por mail (só tragédia)temos que dizer que não, não senhor. Com justificação, quando merecida. E quando merece, custa dizer que não. Que não tem nada de apelativo para a função.
Isto é muito complicado mas...
vens tu e botas-me a visualizar "enredos" performativos:))
Bom fim de semana, abraço, que vou enredar para outra freguesia:))
Lizzie,
Estás à vontade para coreografar, dançar e mandar dançar o que escrevo hehehehehe! "Enredos" performativos! Boa! :)
Bom fim de semana, já começado.
Um beijo.
Olá,
Obrigada pela divulgação! Assim, qualquer dia sou mesmo conhecida ahahahahahah
(e não é que o meu filho quer que eu vá toda arranjadinha e anda a conspirar? lá se vão as calças de ganga e os casacos do Decatlon lol ainda vais ver uma Teresa que não é bem a Teresa eheheh não sei como hei-de fugir a isso)
Deixa lá, que eu talvez também mude o visual:P Não podes fugir, o marketing é assim mesmo:)
Quem sabe se para aquele que tu pensavas que eu tinha eheheheh!
Um permalink no teu post dava jeito, assim a imagem só liga para o blog.
E não tens nada que agradecer!
Portanto,
os que ardem e somos
lá nos encontraremos
_na zona de concentração :)
Abraço
Eheheh! :)
Bem visto!
Um beijo.
O poema conjuntivo
se se soubesse
antes de,
se se adivinhasse
...daríamos um outro passo e "um compasso
mais adiante".
Gosto do falar-poesia, como quem respira ou navega em palavras, simplesmente.
O resto disse na mesa abaixo!!!
(e às tantas a V. ainda nos junta, já estivemos por um fio)
Boas noites aí
Bettips,
Realmente, já estivemos por um fio, e espero que em breve o fio desapareça :)
Obrigado por gostares. E por apareceres sempre.
Bom fim de semana!
O gerundio e o conjuntivo em futuros a haver e presentes e passados muito cheios e sempre marginais aos quadrados e ás hipotenusas.
Beijos grandes
Lola,
O Gerúndio foi passando, passando... e ficou lá para trás.
Sobraram pretéritos imperfeitos, presentes circulares e futuros pseudo-planificados :)
Beijinhos.
Alien, bonita a homenagem a Jean Ferrat, o qual já aqui, nesta tua mesa grande, tinha sido clebrado através da sua música.
Esperamos então pelo momento da concentração. :))
Um abraço, bom domingo
Arabica,
Creio que sim, celebrando a Mulher.
Esperemos :)
Um abraço e igualmente :)
um poema, uma oração...
Bela homenagem que prestas a Jean Ferrat com estas bonitas músicas:)
Também gosto dos Parasomnia Noise:)
Beijos
(só agora reparei, tu és um Alien de Portugal????)
Augusto,
Quem lê é que sabe. Obrigado pela visita.
Wind,
Ele merece.
Os Parasomnia também. Poder dar-lhes uma ajudinha, se quiseres:
Concurso Superbock Super Rock - Página da banda no concurso - Opção de voto na barra da esquerda!>
Beijos.
Teresa,
Decididamente, não percebes nada disto. O que está indicado é a LOCALIZAÇÃO.
Ou seja, estou por cá para ver o que se passa. Excepto quando faço as minhas viagens intergalácticas.
Queres saber para onde? Infelizmente, não posso revelar esse tipo de pormenores... :)
Registei-me e votei:)
Tudo de bom para eles, Alien:)
Beijos
Obrigado, Wind :)
Beijinho.
Então desta vez é que é. Tanta gente que se escreve a ver-se ao vivo e a cores é sempre um acontecimento.
Essa da Teresa ir com um noutro visual é que me intriga. Espero que dê para a reconhecer...
Abraço.
Também espero!
E lá estaremos.
Abraço.
Animada a conversa por aqui.
E já percebi que vamos estar todos no mesmo local à mesma hora sem saber quem é quem - pelo menos eu! :)))))
Tenho de voltar com mais tempo para te ler.
Um abraço.
Olá, Maria!
Alguns sabemos, outros não, mas vamos sair de lá a saber mais. Quanto ao "sentados", isso é que já não sei :)
Volta sempre que quiseres, és muito bem-vinda.
Outro.
Maria,
Mas de onde é que eu tirei o "sentados"??? As minhas desculpas. É tarde e devo precisar de mudar de óculos de leitura...
Umas horas depois deixo-te um abraço de parabéns...
Uns conhecia outros não. Fiquei a conhecer...
:))
Bom domingo.
Obrigado, Maria, bom domingo para ti:)
Um abraço.
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