Aliencake

Foi numa tarde de sábado, de encontros, reencontros e desencontros, de estreia literária e café, tudo prolongado em noite, jantar e mais café, ficando no entanto curto o tempo. De súbito, aparece-me pela frente um bolo com a minha cara. Um bolo com rosto de Alien. Olhei-o uma e outra vez, e só não me belisquei porque dói um bocado, convenhamos. Mesmo a aliens. As pessoas cantavam os parabéns e batiam palmas, eu ouvia e agradecia, mas mal tirava os olhos do bolo. Fizeram-me pegar nele com uma mão, perante a apreensão de alguns circunstantes, e conduzi-lo, ou deixar que me conduzisse, à mesa improvisada. Vivendo desde sempre em terrível dúvida sobre a minha origem e condição, houve um instante luminoso em que tudo se revelou. "Sou um bolo, afinal sou um bolo!" - exclamei para mim mesmo, entre alguma perplexidade e o alívio de uma certeza há muito tempo aguardada. Foi sol de pouca dura. Lá tive que partir o bolo. Lá tive que me cortar à faca em fatias que rapidamente desapareceram. Ao que parece, estava bom, eu. O facto é que, apesar disso, ainda estou vivo. Não serei, então, um bolo? Serei apenas a recordação dele? Felizmente, a fotógrafa estava lá. Serei assim talvez a fotografia de um bolo. Há piores destinos. Há piores fins de tarde-noite de sábados de lançamentos de livros, encontros, reencontros, desencontros, jantares, cafés, aniversários e ainda mais. Muito, muito piores, garanto-vos.

12 de mar. de 2006

O Islão


Tenho ouvido os principais ideólogos do Islão, alguns residentes em países ocidentais, qualificar o islamismo como um projecto revolucionário, que se pretende, portanto, implantar em todo o mundo, na perspectiva de que se deve viver segundo as regras de (e o respeito e culto a) Deus, sendo a política necessariamente inseparável da religião. Não estou a falar de teóricos do fundamentalismo, embora haja diversas tendências ideológicas dentro do Islão, algumas menos moderadas do que outras. Mas em todas permanece o essencial: um projecto revolucionário, político-religioso, que se pretende implantar. Face a isto, ocorrem-me diversas perguntas:

- Qual a infraestrutura económica subjacente ao projecto político e religioso (= ideológico) do Islão?

- Quais os meios considerados adequados para a divulgação e implantação do projecto em países ocidentais, de tradição cristã ou não?

- Será, por outro lado, o projecto "ocidental", a que vulgarmente chamamos democracia, inserida no sistema capitalista em que vivemos, também algo que se pretende implantar em todo o mundo, na convicção de que é o melhor para as pessoas?

- E, se assim for, quais os meios considerados adequados para a sua divulgação e implantação?

Fico por aqui. Gostaria de receber algumas ideias como respostas às perguntas que formulei. Penso que vai sendo mais do que tempo de debater (ou simplemente de pensar) a sério uma questão que cada vez mais parece pertinente, fundamental, inadiável.

2 comentários:

Alien8 disse...

Boa tarde, Spartakus.
Agradeço a visita, o comentário e a disponibilidade. Passo a esclarecer: Para o caso, não me parece importante distinguir entre várias tendências do islamismo, na medida em que os seus principais líderes teóricos, religiosos e (portanto) políticos consideram o islamismo, na sua essência, como o projecto a implantar a que me referi no post. Se entendes que é importante distinguir, então força, distingue e elabora, que é para isso que aqui estamos!

Alien8 disse...

Hmmm?